Portugal
Este santinho é o herói das encalhadas. “Faz milagres”!
Ao longo da história do país, muitas personalidades fizeram feitos que os distinguiram entre os demais, tornando Portugal num território mais forte, mais rico, mais reconhecido fora de portas, como D. Afonso Henriques, Infante D. Henrique, Vasco da Gama, Luis de Camões, entre muitos outros.
No entanto, também surgiu espaço para outras figuras realizarem ações que as tornaram reconhecidas cá dentro, vistas pelo povo com grande carinho. Algumas pessoas realizaram feitos que os tornaram muito acarinhados, estando ligados a lendas ou a um heroísmo invulgar.
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São Gonçalo de Amarante é uma dessas figuras que merece ser recordada. São Gonçalo não foi oficialmente canonizado pela Igreja Católica, mas o povo venera-o como um santo. Descubra a história de São Gonçalo de Amarante, o homem que ficou conhecido como o santo casamenteiro das encalhadas.
O santo casamenteiro
Santo António não foi o único a ser destacado como casamenteiro. São Gonçalo também foi reconhecido por essa tarefa. Santo António, que tem o seu trono em Lisboa, tinha a tarefa mais facilitada: casava as jovens. No entanto, a tarefa de São Gonçalo com o seu trono mais a norte era mais árdua.
Este santo ficou reconhecido por conseguir casar as mais velhas. Caso Santo António não ouça as preces das mais jovens, com o avançar da idade, eventualmente, será necessário recorrer a São Gonçalo, o santo das encalhadas. Esta é uma crença popular que merece ser reconhecida pelo povo português.
Orações feitas a São Gonçalo
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“São Gonçalo do Amarante, Casamenteiro que sois, Primeiro casais a mim; As outras casais depois.
São Gonçalo ajudai-me, De joelhos lhe imploro, Fazei com que eu case logo, Com aquele que adoro.”
São Gonçalo de Amarante, o casamenteiro das encalhadas
Foi no fim do século XII que nasceu Gonçalo de Amarante, por volta de 1187, no Paço de Arriconha. Ele era oriundo da nobre família dos Pereira e acabou por herdar a nobreza no sangue e a grandeza na fé de seus pais.
Ele teve uma educação ligada aos bons princípios cristãos. Após atingir a mocidade, Gonçalo enveredou pela vida eclesiástica, tendo sido no mosteiro beneditino de Santa Maria de Pombeiro de Ribavizela, que estudou as primeiras letras, prosseguido estudos no Paço Arcebispal de Braga, onde viria a ser ordenado sacerdote.
Desta forma, Gonçalo dedicou-se ao estudo da teologia e ao sacerdotismo, o que aconteceu sob a orientação do Arcebispo de Braga.
Após concluir a sua formação, Gonçalo passou 14 anos a conhecer os lugares mais Santos do Cristianismo. Primeiro, realizou uma longa peregrinação a Roma, com o propósito de estar junto dos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo. Posteriormente, seguiu para a Palestina.
Ele viajou pela Terra Santa, no Médio Oriente. Após essa experiência de mais de uma década, Gonçalo regressou ao nosso país.
Inicialmente, Gonçalo regressou à sua paróquia de S. Paio de Vizela. Era o seu sobrinho que a dirigia durante a sua ausência. Como este não o reconheceu, expulsou-o de casa. Ele não quis acreditar na vida opulenta e faustosa do seu substituto.
Desiludido com o seu sobrinho, com o desrespeito demonstrado pelos ensinamentos e pela humildade cristã, decidiu abandonar a vida paroquial. Neste contexto, Gonçalo optou por tomar o hábito da Ordem de S. Domingos, tornando-se eremita na região de Amarante.
Foi deste modo que Gonçalo prosseguiu a sua existência, eremítico e evangelizador, num modus vivendi mais contemplativo. Ele dedicou as suas energias a recuperar uma ermida arruinada dedicada a Nossa Senhora da Assunção. Este velho templo está situado num local ermo, junto ao rio e nas imediações de uma ponte devoluta.
Frei Gonçalo passeava pelas povoações do vale do Tâmega e da Serra do Marão. Enquanto percorria as terras, evangelizava e abençoava uniões matrimoniais. Além disso, protegia os mais desfavorecidos que o reconheciam, conferindo-lhe a aura de santidade.
A sua morte ocorreu na sua singela cabana de orações, no dia 10 de Janeiro de 1259 (embora não seja certo o ano da sua morte). Terá sido nesse mesmo local que ele foi sepultado, num espaço geográfico onde foi erguido um grande mosteiro em homenagem à sua alma.
A igreja de São Gonçalo
Este templo tornou-se local de paragem obrigatória devido a este motivo, sendo reconhecido pelo povo, que o torna no monumento mais visitado de Amarante. Além da importância histórica desta construção religiosa, o templo tem esta ligação a São Gonçalo que não é santo.
Segundo a Igreja Católica, a personalidade histórica é beato, Beato Gonçalo de Amarante. Apesar da denominação usada pela igreja, a devoção do povo manteve-se e a população considera-o um santo. O túmulo no qual se acredita estar sepultado o corpo de São Gonçalo pode ser visitado na capela-mor do mosteiro.
No templo, também se encontra a estátua de São Gonçalo, do século XVI. Na estátua, encontra-se a famosa corda de São Gonçalo. Segundo crença do povo local, para pedir um casamento ao santo, “as encalhadas” deveriam puxar a corda que rodeia a cintura da estátua por três vezes.
Contudo, atualmente, a estátua foi colocada num local alto como medida para a preservar, existindo ainda a recomendação de que não se puxe a corda, para não colocar a imagem em risco.
A fama de São Gonçalo em ser o “casamenteiro das velhas” até desagrada às mais jovens, pelo menos enquanto se encontram a gozar a sua juventude. Como não querem esperar, as jovens recorrem a uma famosa quadra popular de Amarante para defender a sua posição e apresentar o seu desgosto:
S. Gonçalo de Amarante,
Casamenteiro das velhas,
Porque não casas as novas?
Que mal te fizeram elas?
A doce inspiração
A lenda popular levou São Gonçalo, o casamenteiro, a tornar-se num herói para a região.
S. Gonçalo tem honras de Padroeiro de Amarante. A memória desta figura emblemática é celebrada em duas datas: 10 de janeiro, dia do seu falecimento, e nas grandiosas festas da cidade que decorrem no primeiro fim de semana de junho.
São Gonçalo de Amarante encontra-se bem enraizado na cultura local. Serviu de inspiração para a criação dos famosos “doces fálicos” de S. Gonçalo, que são vendidos em diferentes tamanhos e feitios.
Estes doces são vendidos durante as festas locais e muito apreciados por habitantes e visitantes da cidade. Alguns são acompanhados com quadras picantes, como por exemplo:
Se fordes ao S. Gonçalo
Trazei-me um S. Gonçalinho.
Se não puderdes co’ele grande,
Trazei-me um pequenininho!
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