Estátuas Vivas surpreendem turistas e conimbricenses!

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 05-08-2017

A Baixa de Coimbra foi hoje palco para uma mostra de estátuas vivas, que representam figuras da cultura nacional ou do imaginário da cidade, contando com a estreia de um archeiro da Universidade já habituado à imobilidade.

Pelas ruas, praças e largos da Baixa, encontramos Luís de Camões ou D. Afonso Henriques, mas também figuras associadas a Coimbra, como é o caso da Tricana, do estudante, do archeiro da universidade ou de Pedro & Inês.

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pé de meia

José Sousa, nervoso pela estreia como “estátua viva”, representa a sua própria profissão, archeiro da Universidade de Coimbra, cuja carreira foi extinta, sendo agora um assistente operacional habituado a fazer guarda dos edifícios da Universidade de Coimbra, nomeadamente na Porta Férrea.

Está imóvel junto à entrada da Câmara Municipal de Coimbra e assegurou que, apesar do nervosismo da estreia, não teve de receber qualquer formação, já que na sua profissão tem de ter “o mesmo comportamento”.

archeiro

“Penso que não irá custar muito”, contou, explicando que ficar parado no mesmo sítio durante tanto tempo exige “esforço, vontade e até resistência”.

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A sua participação na mostra é uma forma de “honrar a profissão” e “não deixar esquecer” essa função cuja carreira deixou de existir há alguns anos, disse à agência Lusa José Sousa, cujo pai também foi archeiro da universidade.

“Faz sentido esta homenagem e sei que fisicamente é capaz, que fica ali como os soldados, em continência”, sublinhou o diretor artístico da mostra, António Santos, que já conhecia José Sousa dos tempos da faculdade.

mágico

A iniciativa, da responsabilidade da Câmara Municipal decorreu na Baixa da cidade e contou com cerca de metade das estátuas “relacionadas com Coimbra” – a verba disponível “não deu para mais” -, e pretende dinamizar “a baixa com uma arte diferente”, explicou o diretor artístico.

António Santos já anda no mundo das estátuas vivas há cerca de 30 anos e encara esta ocupação como uma arte que conjuga capacidade física, mental e artística.

A preparação pode durar entre 15 minutos a três horas e, no momento de se estar quieto, “é preciso um grande controlo mental” e respiratório, sendo que, se surgir a vontade de espirrar ou de coçar, há que imaginar outra coisa – “que se está num ambiente de sauna, quentinho e húmido”.

camões

“Há toda uma rotina que permite que a pessoa, quando esteja a estatuar não tenha necessidades nenhumas”, explicou Severiano Rodrigues, de 52 anos, que representa Camões, conhecendo “do princípio ao fim” a obra do poeta português.

“Esta arte da imobilidade física é, sobretudo, um trabalho mental. Há capacidade de concentração e o querer muito ficar quieto”, contou o artista, que não está sempre imóvel durante a atuação.

Pela Baixa de Coimbra, Severiano vai piscando o olho às pessoas e, de quando em vez, declama a poesia de Camões.”Quando a estátua está fixa, é a imagem de Camões. Quando ganha vida, é a poesia de Camões que salta para cá para fora”, explicou o artista.Na arte da “quietude”, frisou, trabalham-se “os sentidos”.

As estátuas sentem “a curiosidade das pessoas”, mesmo antes de elas chegarem, e o trabalho com as crianças, pela sua espontaneidade, é “pura poesia”, sublinhou Severiano Rodrigues.

guerreiro

Para António Santos, as estátuas vivas são também uma forma de transmitir uma mensagem, de incutir um pouco de quietude num mundo tão rápido. “Não é preciso correr muito que o final está lá à espera para todos”, notou.

estudante de coimbra

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