Coimbra

Estaleiros do Mondego otimistas na recuperação da actividade naval

Notícias de Coimbra | 11 anos atrás em 14-09-2013

Os responsáveis dos Estaleiros Navais do Mondego (ENM) estão otimistas na recuperação da atividade naval na Figueira da Foz, embora após um ano de concessão ainda não tenham iniciado a recuperação ou construção de navios.

“Não só estou otimista, como o otimismo está reforçado em função das circunstâncias. Estabilizámos a nossa situação em termos de estaleiro, de corpo acionista e de recursos financeiros”, disse à agência Lusa Joaquim Peres, administrador dos ENM.

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Recentemente, dois novos investidores entraram no capital dos estaleiros: o sócio maioritário, com 46,67%, é uma empresa ligada a Rui Alegre – o empresário que, recentemente, adquiriu quatro navios de cruzeiro portugueses que estavam arrestados em portos europeus, incluindo o paquete Funchal – enquanto a First Link, de João Moita, detém 33,33% dos ENM.

Joaquim Peres e Carlos Costa, os dois sócios da Atlanticeagle Shipbuilding – empresa que em setembro de 2012 ganhou a concessão dos estaleiros por 20 anos – detêm nove % cada e os restantes dois % estão na posse dos antigos proprietários da infraestrutura.

“São empresas ligadas não propriamente à construção e reparação naval, mas à gestão técnica de navios e gestão de tripulações. O nosso maior sócio tem um dinamismo espetacular e vê as grandes vantagens que este setor da economia ligada ao mar tem em Portugal”, frisou Joaquim Peres.

Até agora, os estaleiros – que possuem cerca de 40 trabalhadores – apenas trabalharam na construção da cobertura de um tanque para gás natural, realizada em 16 módulos envolvendo 600 toneladas de aço, que teve como destino a Noruega, tendo reformulado o plano para 2013 – que previa um volume de negócios de cinco milhões de euros – e apontando agora para cerca de três milhões.

De acordo com o responsável, os ENM estão a negociar um primeiro contrato de construção naval – uma embarcação de pesca para um país africano – e têm vindo a fazer a recuperação, manutenção e certificação dos equipamentos que possuem.

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No entanto, de acordo com Joaquim Peres, debatem-se com um problema de assoreamento do rio Mondego à entrada das suas instalações, “em vias de resolução” com a administração portuária: “Há um problema na margem sul, o canal devia ter cinco ou seis metros e chega a ter só dois. Tivemos uma barcaça com 2,8 metros de calado que nem com a maré mais alta conseguiu entrar”, frisou.

Ouvido pela Lusa, Rui Paiva, da Administração do Porto da Figueira da Foz (APFF), confirmou o assoreamento e que a sua resolução já foi assumida pela APFF, mas alegou que, até à data, a situação não colocou “qualquer problema” aos estaleiros.

“A verdade é que, até ao momento, nunca foi suscitada a sua necessidade. Não há evidência documental de qualquer contrato que tenha sido posto em causa pelo assoreamento”, argumentou.

Já sobre a questão financeira dos estaleiros, nomeadamente a garantia bancária de 100 mil euros que era devida à infraestrutura portuária, Rui Paiva disse que já foi regularizada.

Também a dívida de 500 mil euros à comissão de credores foi regularizada – com pagamento de uma primeira tranche de 200 mil euros e o valor restante em duas prestações – e os salários dos trabalhadores estão em dia, embora os ENM possuam “algumas rendas” (decorrentes do contrato de concessão) em atraso e tenham proposto o “reajuste” do valor da anuidade, cifrado em 330 mil euros.

Já sobre a atividade dos ENM, o administrador portuário não esconde “alguma preocupação” sobre a retoma da construção e reparação naval: “Percebemos que ainda há um conjunto de dificuldades na dinamização dos estaleiros. Acabado que foi o trabalho [dos tanques para a Noruega], não é visível mais atividade nenhuma”, frisou Rui Paiva.

 

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