Coimbra

Estado investe 1,5 milhões na recuperação da igreja de São João de Almedina em Coimbra

Notícias de Coimbra com Lusa | 1 ano atrás em 31-08-2023

O Museu Nacional de Machado de Castro (MNMC), em Coimbra, vai realizar obras de recuperação da igreja de São João de Almedina, até 2024, ao abrigo de um investimento do Estado que ronda 1,5 milhões de euros.

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“A intervenção constitui a possibilidade de reabilitação de um espaço desde sempre associado ao Paço Episcopal de Coimbra e, na contemporaneidade, ao MNMC”, disse hoje a diretora do museu, Maria de Lurdes Craveiro, à agência Lusa.

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A igreja, erguida entre 1684 e 1704, substituiu uma outra, “alterando as dinâmicas de circulação entre os vários espaços e impondo uma imagem de atualização e poder virada para a comunidade”, explicou.

A portaria que estabelece a repartição de encargos financeiros com o projeto nestes dois anos foi publicada no Diário da República (DR) na quarta-feira.

“Apesar de incorporada no projeto geral de remodelação e ampliação do museu, a igreja, por motivos de gestão de obra, não foi intervencionada”, referem as secretárias de Estado do Orçamento e da Cultura, Sofia Aguiar Batalha e Isabel Rodrigues Cordeiro, respetivamente, na portaria 476/2023, de 30 de agosto.

A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) é autorizada pelo Governo a “efetuar a repartição de encargos relativa ao procedimento da empreitada para obra (…), no montante de 1.400.000 euros, acrescido de IVA à taxa de 06%, o que perfaz a quantia total de 1.484.000 euros”.

A repartição dos custos, incluindo o IVA, será efetuada nos seguintes termos: 636 mil euros em 2023 e 848 mil euros em 2024.

O montante fixado para cada ano económico “pode ser acrescido do saldo apurado no ano que antecede”.

“Nas últimas décadas, desde a obra de requalificação do MNMC, a igreja permanece como espaço inerte, último reduto na salvaguarda de um acervo que aguarda ainda a sua recolocação e enfrenta a degradação crescente”, afirmou Maria de Lurdes Craveiro.

Para o MNMC, sublinhou, “a sua recuperação constitui um imperativo e uma prioridade, não apenas porque estão em causa os valores incontornáveis da conservação patrimonial, mas também porque, na escassez dos espaços disponíveis para a realização de um conjunto de atividades que estruturam a missão do museu, negligenciar os potenciais sociais e culturais da igreja de São João de Almedina significa ignorar uma dinâmica de mobilização cultural que importa desenvolver em todas as frentes”.

“A reabilitação da igreja e a sua reconversão em auditório, sem perder a sua capacidade expositiva e integrada no circuito de visita ao museu, significa (…) a possibilidade de incrementar e consolidar a sua missão na ligação à comunidade, estimulando a formação, a consciência cívica e patrimonial”, salientou.

A professora da Faculdade de Letras de Coimbra entende que, “na rede montada com a cidade e com as instâncias culturais e patrimoniais, um novo auditório no espaço credibilizado do MNMC assumirá um papel fundamental nessa ligação que é a um tempo científica, social e cultural, mas também emocional e afetiva”.

Ao longo de aproximadamente quatro séculos, a igreja “integra-se no perfil da cidade de Coimbra e faz parte de uma memória coletiva associada ao poder episcopal e a um território conjugado de fé e conhecimento”.

“O Paço das Escolas, primeiro islâmico e depois régio, e o Paço do Bispo dominaram, também visualmente, a colina onde cresceu a cidade e com ela partilharam um destino comum”, sublinhou Maria de Lurdes Craveiro.

A igreja, integrada no MNMC em 1914, está classificada como monumento nacional e incluída na lista do Património Mundial, desde 2019, por fazer parte do conjunto Universidade de Coimbra, Alta e Sofia.

A empreitada “faz parte do projeto global de remodelação e ampliação do MNMC, cuja obra foi levada a cabo de 2006 a 2009”, permitindo a sua reabertura em 2012, segundo a publicação no DR.

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