Coimbra
Especialistas defendem micoterapia como complemento no tratamento do cancro
A aplicação da micoterapia no tratamento e prevenção de doenças do foro oncológico esteve hoje em debate no XXº Encontro Micológico Transmontano, que decorreu em Mogadouro, no distrito de Bragança, e juntou especialistas que partilharam conhecimentos e experiências.
A micoterapia é uma ciência alternativa, utilizada para ajudar a combater ou prevenir diversas doenças, como cancro, com recurso a variadas espécies de cogumelos medicinais.
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Para a médica hematologista Adriana Teixeira, uma das participantes no debate, os cancros, na sua maioria, são provocados por alterações ao meio ambiente, enquanto 10 a 15% da taxa de incidência da doença devem-se a alterações genéticas.
“Para evitar o aparecimento do cancro é preciso ter uma boa alimentação, não fumar ou não estar em contactos com radiações e outros fatores externos. No que respeita a uma boa alimentação, é importante a introdução de cogumelos na nossa dieta já que se trata de uma ótima proteína, já que estes fungos são imunorreguladores”, disse a antiga diretora dos serviços de hematologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra.
Por outro lado, a especialista defendeu que os cogumelos, quer em pó ou naturais, devem ser consumidos na fase de tratamento do cancro para ajudar a diminuir os efeitos secundários da quimioterapia ou radioterapia e estimular o sistema imunológico, que fica mais frágil com esses tratamentos.
“Os cogumelos, quando ingeridos em pó, ou seja, de uma forma muito concentrada, têm grandes efeitos para melhorar a ação do nosso corpo na sua luta contra o cancro”, vincou.
Os presentes no debate não duvidam que a micoterapia vai ter grandes desenvolvimentos em Portugal, nos próximos anos, na luta contra o cancro e na prevenção da doença, como já acontece em outros países.
Margarida Rocha, fisioterapeuta com pós-graduação em oncologia e também doente oncológica, avançou que há no planeta cerca de 1,5 milhões de fungos identificados e que mais de um milhar tem propriedades medicinais, adiantando que cerca de 20 estão a ser amplamente utilizados na medicina.
“Deparei-me há três anos com um problema oncológico, fiz todo o tipo de tratamento e senti no corpo os efeitos secundários da quimioterapia, radioterapia, imunoterapia a que fui submetida, o que deixou o meu sistema imunitário debilitado. Após vários estudos e muito pensar no meu futuro, virei-me para a micoterapia como complemento ao tratamento da minha doença para assim ter qualidades de vida”, explicou.
A jovem fisioterapeuta garantiu à Lusa que faz micoterapia há cerca de um ano e que as melhorias são notárias e substanciais, não só do ponto de vista físico, mas igualmente, emocional.
“A micoterapia, no meu caso, e não só, tem ajudado a travar o processo de proliferações de células malignas, que poderão estar na corrente sanguínea, mesmo após o tratamento”, frisou Margarida Rocha.
Por seu lado, Pedro Ferreira, pai de uma criança de 07 anos com doença oncológica, explicou que percebeu que os tratamentos feitos ao seu filho não eram suficientes e que era preciso mais alguma coisa para complementar a terapia convencional que estava a ser aplicada.
“Após o tratamento convencional, o meu filho começou a fazer um tratamento natural à base de cogumelos e seus derivados, acompanhado por especialistas de uma equipa multidisciplinar da clínica Hifas da Terras, em Espanha, e que deu resultados fabulosos”, observou.
A Associação Micológica “A Pantorra”, com sede em Mogadouro, há 20 anos que contribui para a identificação e catalogação das mais variadas espécies de cogumelos.
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