Especialistas apostam no trabalho em rede face às catástrofes
O reforço do trabalho multidisciplinar em rede e a capacitação das comunidades são algumas das propostas saídas de um encontro sobre o impacto das catástrofes na saúde e qualidade de vida, realizado hoje em Coimbra.
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Um dos organizadores, o psiquiatra João Redondo, salientou à agência Lusa que, para minimizar o efeito dos incêndios e outras catástrofes nas pessoas, importa “pensar e olhar a comunidade como um todo”, investindo no “trabalho em rede e multidisciplinar”.
No encontro, no auditório principal do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), especialistas e dirigentes públicos de diferentes áreas realçaram a necessidade de “todos falarem uma linguagem mais comum”, tanto ao nível da prevenção como na intervenção junto das vítimas e suas famílias.
João Redondo disse ainda que, das intervenções ao longo do dia, ressaltou “uma ideia de capacitação na resposta aos problemas”, a par do papel que cabe às escolas e outras instituições locais face aos fogos e outras calamidades.
Perante “múltiplas necessidades” das populações afetadas, é necessário “criar respostas rápidas” que minimizem o sofrimento das vítimas, acrescentou.
João Redondo e o presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro, José Tereso, que também interveio nos trabalhos, sublinharam a importância da prevenção primária, secundária, ternária e quaternária.
Subordinado ao tema “Catástrofes: impacte na saúde e qualidade de vida das vítimas dos incêndios”, o encontro teve “um saldo positivo”, que se estendeu à ação das equipas da ARS, na sequência dos graves incêndios que devastaram a região Centro, desde junho, declarou José Tereso à Lusa.
Segundo o mesmo responsável, as equipas de saúde “têm vindo a adaptar no dia-a-dia a resposta” às populações atingidas pelos fogos, sobretudo os mais graves, que eclodiram nos dias 17 de junho e 15 de outubro, em concelhos de diferentes distritos do Centro do país.
“Temos de olhar para as pessoas e também para o ambiente”, com a realização de estudos sobre a qualidade do ar, da água e dos solos, entre outros, acrescentou.
São “vastas equipas que têm depois de se articular” umas com as outras e com a Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Centro, que assume tarefas noutras áreas.
José Tereso frisou ainda que, há mais de meio ano, a ARS é chamada a intervir “numa vasta área ardida, da beira-mar ao interior”, e a cuidar de “uma imensidão de gente a sofrer na pele” os efeitos dos incêndios.
A ARS continua a solicitar às autarquias e associações de apoio às vítimas que comuniquem às equipas “as situações de maior vulnerabilidade” em termos de saúde.
O encontro foi organizado pela ARS do Centro, em colaboração com o Centro de Prevenção e Tratamento do Trauma Psicogénico do Centro de Responsabilidade Integrada de Psiquiatria do CHUC, coordenado pelo psiquiatra João Redondo.
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