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Escolas de surf do Cabedelo, na Figueira da Foz, reabriram adaptadas à pandemia

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 27-05-2020
As quatro escolas de surf instaladas na praia do Cabedelo, Figueira da Foz, tomaram medidas para lidar com a pandemia da covid-19, apesar de os surfistas enfatizarem que o vírus não se transmite na água do mar.

As escolas em causa – Surfing Figueira, a mais antiga, iSurf Figueira, Surf’Scool e Dude Surf School, um novo projeto que abre a atividade no sábado – adequaram-se às medidas recomendadas pela federação da modalidade para fazer face ao novo coronavírus, desde a promoção do distanciamento entre alunos, mesmo na água, à higienização de fatos e pranchas de surf, disponibilização de desinfetante para as mãos ou restrição de acessos ao interior das instalações, mas têm sentido quebras no número de clientes estrangeiros.

Em declarações à agência Lusa, Cristela Costa, da Surfing Figueira – que, atualmente, devido às obras de reabilitação da zona urbana do Cabedelo, vai ocupar um contentor provisório que também é loja, à entrada do estacionamento, ainda em terra batida, daquela praia – teve de limitar o número de pessoas que acedem ao espaço, “uma de cada vez”. Esta escola foi das primeiras a encerrar, ainda antes das medidas de confinamento.

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“Fechei primeiro, até para dar o exemplo, porque temos muitos alunos Erasmus [estrangeiros a estudar em Coimbra] que podiam querer vir à praia e ser um fator de transmissão do vírus. Mas, se calhar [as escolas de surf], até podiam ter sido das últimas a fechar, porque é uma atividade ao ar livre, que tem benefícios para a saúde”, assinala a surfista.

Frisa que o próprio mar “cura, ajuda a diminuir as crises de asma” e outras perturbações provocadas por alergias.

“Nos tempos dos nossos avós, uma das receitas que os médicos indicavam era que as pessoas viessem para a Figueira apanhar os ares do mar E vinham de vários sítios, de mais perto ou de mais longe, do interior, para curar as alergias. Aqui tinham outra qualidade de vida, são umas termas naturais”, observa Cristela Costa.

Por seu turno, Eurico Gonçalves, da iSurf Figueira, sustenta-se na experiência de 40 anos de surf para apontar que a água do mar “não transmite o vírus”.

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“Se o fizesse, não tinham encerrado só as praias, tinham fechado o acesso ao mar”, nota.

A iSurf Figueira, instalada à entrada do parque de campismo do Cabedelo, reabriu com medidas de proteção semelhantes às restantes escolas, desde logo no reforço da higienização de fatos e pranchas. Estas, agora, quando saem da água, não voltam imediatamente ao mar pela mão de outro aluno, sem antes serem devidamente higienizadas.

Ainda na praia do Cabedelo, a meio do areal com quase um quilómetro de extensão que se estende do molhe sul do Mondego à zona do hospital da Figueira da Foz, está localizada a Surf’Scool, um projeto iniciado por três irmãos, todos surfistas, em 2013.

Ivan Tomás, um dos proprietários, explica que no seu caso, com quase 70 pranchas de surf disponíveis, “dá para fazer uma rotatividade, as pranchas que saem da água são desinfetadas, vão para último e ficam à espera [de serem usadas] durante três dias”.

Embora afirme que os clientes nacionais “estão a aparecer naturalmente como nos outros anos”, Ivan nota que o mercado estrangeiro “caiu”.

“Temos um ‘surf camp’, estávamos muito direcionados para o mercado estrangeiro, nesta altura era o que mexia. O Erasmus também teve uma quebra, as pessoas deixaram de ter aulas [no ensino superior] e voltaram aos seus países e o negócio ressente-se”, garante Ivan Tomás.

“Mas recuperará, porque dentro de água é que se está bem, o vírus não está no mar, o surf é dos desportos mais seguros [face à pandemia] que se pode fazer”, garante o surfista.

Também junto ao estacionamento do Cabedelo, mas de frente para o mar, abre no sábado a Dude Surf School, liderada por Iuri Tomás, 32 anos, que sustenta que “a segurança é a palavra-chave” e o objetivo é que as regras a observar, “tanto na praia como dentro de água”, sejam assimiladas pelos alunos.

O novo projeto, refere Iuri, põe o ênfase da sua atividade na segurança dos clientes e na aprendizagem e ‘leitura’ das condições do mar.

“Dá-se ênfase à leitura de mar, enumeram-se cuidados a ter com agueiros [uma corrente em sentido inverso ao da ondulação, geralmente muito forte e perigosa e responsável por diversos incidentes nas praias portuguesas, alguns deles mortais] e ensinam-se os pontos a ter em atenção quando em cima de uma prancha”, acrescenta.

Por outro lado, a nova escola de surf garante que “nunca serão atribuídos mais de cinco alunos a um só treinador, para que haja um acompanhamento pormenorizado e nenhum aluno fique sozinho”.

A Dude Surf School vai iniciar a atividade já adaptada à “realidade” atual provocada pelo novo coronavírus, ostentando os selos Clean & Safe, atribuído pelo Turismo de Portugal e Ensino de Surf Seguro, da federação portuguesa da modalidade.

“Acreditamos estar a trazer um serviço que vai permitir à população retomar o contacto com o mar e com a prática do exercício físico, após o período de quarentena”, disse à Lusa Iuri Tomás.

Filho de um conhecido surfista local, “que desde miúdo anda em cima das pranchas” e que cresceu em frente ao mar em Buarcos, a vila piscatória anexa à Figueira da Foz, Iuri – e os dois irmãos – seguiram as pisadas, a paixão pelo surf e o chamamento do mar que lhes foi incutido pelo pai António Tomás.

“Sou surfista desde que me lembro de existir”, ilustra Iuri, que tem trabalhado como diretor técnico e treinador de surf na Surf’Scool, fundada com os irmãos Ivan e Igor.

Assim, a opção pela instalação da Dude Surf School no Cabedelo acabou por se revelar “natural”, até porque aquela zona, onde coexistem escolas instaladas e outras itinerantes, “está no top das melhores ondas nacionais” para a prática do surf, enfatiza.

“O Cabedelo é a praia com ondas mais consistentes do distrito de Coimbra e, talvez, da região Centro de Portugal”, nota Iuri Tomás.

De entre os vários serviços propostos, a nova escola terá disponível um programa que junta o surf a uma sessão fotográfica, com fotografias captadas a partir da areia por um fotógrafo profissional.

“A nossa missão é levar o surf a toda a gente, independentemente da idade, condição física ou económica”, resume Iuri Tomás.

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