Advogados

Escalas presenciais de advogados oficiosos já chegaram às quatro comarcas

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 semanas atrás em 02-09-2024

 As quatro comarcas que têm escalas presenciais de advogados oficiosos já receberam as respetivas escalas enviadas pela Ordem dos Advogados (OA), informou a Direção-Geral da Administração da Justiça (DGAJ).

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A informação foi transmitida pela DGAJ depois de ao final da manhã ter sido avançado que as comarcas de Lisboa e Lisboa Oeste não tinham recebido as escalas presenciais dos advogados oficiosos, numa altura em que decorre uma greve destes profissionais relacionado com o valor de referência do pagamento do serviço que prestam aos cidadãos sem condições financeiras para contratarem um advogado particular.

As comarcas de Lisboa, Lisboa Norte, Lisboa Oeste e Porto são as únicas que recebem as escalas presenciais dos advogados oficiosos enviadas pela Ordem dos Advogados (AO).

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Segundo fonte do sistema judiciário, estas escalas presenciais dos advogados oficiosos deviam ter sido enviadas pela OA até às 23:59 do passado sábado, tendo em conta que hoje se iniciava o novo ano judicial com a reabertura plena dos tribunais após as férias judiciais de verão.

No sábado, a Ordem dos Advogados estimou que a adesão ao protesto sobre defesas oficiosas que se inicia em setembro supere os 80%, mas o Ministério da Justiça sublinhou que os tribunais têm alternativas para contornar um protesto “despropositado e incompreensível”.

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Em causa está o valor de referência para o pagamento do serviço prestado por estes advogados aos cidadãos mais desfavorecidos e sem meios para contratar um advogado particular.

A OA quer um acréscimo de 20 milhões no próximo Orçamento do Estado para as defesas oficiosas e “um sinal claro” do Governo de que a revisão da tabela “não é para continuar a protelar”, considerando um mau sinal que a próxima reunião tenha ficado agendada para 09 de outubro, véspera da entrega do orçamento no parlamento.

No entanto, o MJ defende a sua condução deste ‘dossier’, afirmando que “está a prestar atenção a este tema desde o início, mas está a fazer o seu trabalho de casa” e que “quando tiver chegado a uma conclusão certamente informará os interessados e a opinião pública”.

“O MJ considera que este protesto vem a ‘destempo’, porque está em marcha um plano de trabalhos com uma calendarização precisa, para que até ao final de setembro o MJ possa apresentar uma proposta de revisão dos honorários dos advogados oficiosos. Desse plano de trabalhos foi informada a OA que será chamada no início de outubro para ser informada dessa proposta”, afirmou o ministério.

“Em nenhum momento o Governo desistiu de cumprir o que está no Programa do Governo sobre a revisão desta matéria. É justo reconhecer que quando, num espaço muito curto de tempo, o MJ está a fazer o trabalho que não foi feito em 20 anos, a convocatória para um protesto deste tipo parece despropositada e incompreensível aos olhos dos cidadãos”, acrescentou a tutela na resposta enviada à Lusa.

O MJ sublinha ainda que os tribunais têm alternativas para responder a eventuais escalas de prevenção vazias, como a nomeação direta de qualquer “advogado presente ou contactável”.

A OA acredita que “durante o mês de setembro as coisas podem complicar-se”, com muitas diligências a serem adiadas, rejeitando disponibilidade para ajudar os tribunais a encontrar um advogado disponível como habitualmente, em solidariedade com o protesto convocado.

A Ordem rejeita que possam estar em causa direitos e garantias de arguidos, sublinhando que terão sempre direito a defesa, ainda que a diligência tenha que ser reagendada, e que em caso de incumprimento de prazos para interrogatórios judiciais, levando à libertação de arguidos detidos, isso é algo que “acontece todos os dias nos tribunais” devido a situações como greves de funcionários judiciais, frisou a bastonária.

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