Deixe-se encantar por uma construção religiosa incomum. A igreja transparente da Bélgica anda nas bocas do mundo pela sua singularidade.
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A religião está na origem de diversas construções absolutamente fantásticas que apresentam imponência, riqueza, beleza. Muitas das construções religiosas mais emblemáticas tornaram-se nos monumentos mais importantes das cidades e dos países onde se encontram.
Um vasto conjunto dessas obras arquitetónicas com ligação religiosa tiveram uma importância histórica verdadeiramente fundamental para o desenvolvimento das cidades, permitindo que povoações crescessem e prosperassem.
Por isso, independentemente de se sentir um apelo religioso, todas as pessoas deveriam sentir apreço por estas construções que ajudam a contar a história da humanidade.
No presente artigo do Notícias de Coimbra, iremos centrar a nossa atenção num templo diferente, mais moderno, mais ousado.
Existe um templo que nos aparece ao olhar de forma muito diferente, consoante o posicionamento do sol. A incidência da luz permite apresentar uma construção religiosa diferente. Fique a conhecer melhor este monumento que é popularmente conhecido como igreja transparente.
A Igreja Reading Between the Lines (que pode ser traduzido como algo do género “Lendo nas Entrelinhas”) encontra-se presente na província belga de Limburg, numa área rural e bucólica da região de Borgloon-Heers.
Esta Igreja transparente, como é chamada pela maioria, já se tornou num fenómeno de popularidade, atraindo diversas pessoas à cidade belga onde está situada.
O projeto para a construção desta igreja foi concebido por Pieterjan Gijs e Arnout Van Vaerenbergh em 2011. Estes arquitetos holandeses realizaram esta obra do projeto Z-OUT em parceria com o museu de arte contemporânea Z33, localizado em Hasselt.
Esta igreja singular é acessível apenas a pé ou de bicicleta. Apesar deste templo não realizar cultos, os visitantes da igreja podem entrar e rezar.
Gijs e Van Vaerenbergh criaram a Igreja Reading Between the Lines para que se possa ler nas entrelinhas algumas mensagens presentes no local, na obra.
Segundo a dupla de arquitetos, as construções religiosas podem servir como espaço de reflexão. Este templo consiste numa provocação, num apelo à reflexão sobre a permanência das obras arquitetónicas.
Estes talentosos arquitetos, com uma visão moderna da arquitetura, definem o seu trabalho feito neste templo como “uma intervenção que interage com o respetivo ambiente”. Esta obra arquitetónica de índole religiosa revela-se “uma investigação sobre os fundamentos da construção em si e do respetivo impacto sobre o mundo”.
Desde 2007 que esta dupla de arquitetos faz projetos que têm uma inspiração arquitetónica. No entanto, na verdade, consistem em obras de arte. Esta “igreja transparente” dos arquitetos dos Países Baixos serve como um questionamento sobre a “solidez” da igreja na sociedade, na história e no presente.
Não é fácil descrever este templo. Certo, é que quem o visita pode viver uma experiência incomum.
Quem está no exterior da igreja consegue ver quem se encontra no interior do templo. A igreja apresenta-se de uma forma para quem está no seu interior e de outra para quem está do lado de fora.
Quem está no interior da igreja, também está exposto a quem está no exterior.
Contudo, para quem está fora do templo, basta dar uns passos à direita e olhar novamente para a igreja para testemunhar algo inusitado. O que parece ser uma pequena capela monocromática tradicional modifica-se perante o próprio olhar.
Aparentemente, esta igreja parece ser como qualquer outra no interior da Bélgica, mas não é. A igreja pode ser vista como uma construção normal quando é observada de determinados ângulos. A estrutura até parece ter paredes.
O que parece ser um templo de arquitetura modesta com paredes sólidas consiste numa construção moderna que cria uma ilusão de ótica fascinante.
Este templo que parece feito de folhas de aço também tem espaços vazios entre os mesmos. Quando o sol atinge o chão e passa pela igreja, forma-se no terreno uma espécie de tabuleiro de xadrez.
Esta obra dos arquitetos dos Países Baixos foi construída sobre uma fundação de betão.
A intrigante obra arquitetónica foi criada a partir de 100 folhas de aço, que se apresentam empilhadas para criar o efeito de paredes transparentes.
Cada folha apresentada nesta obra encontra-se separada das outras, por mais de 2000 colunas de aço. Esta estrutura arquitetónica contém um peso total de 30 toneladas. A separação é estratégica para permitir que o templo nos iluda, que se apresente transparente, consoante o ângulo de que se visiona a igreja.
Deste modo, o templo surge na forma tradicional, quando é visto de determinadas perspetivas, havendo outras localizações em que as paredes, outrora sólidas, se dissolvem na paisagem.
A experiência promovida por esta obra de arte é singular. Impressiona pela beleza fascinante que se evidencia na tranquilidade local como um fenómeno quase religioso, consistindo num “milagre” da capacidade artística dos arquitetos dos Países Baixos.
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