Coimbra
Enfermeiros dizem que há muitas salas operatórias paradas por “ineficiência do sistema”
Os sindicatos que convocaram a “greve cirúrgica” disseram hoje que há muitas salas dos blocos operatórios que não estão a funcionar por “ineficiência do sistema”.
“Existem muitas salas que não estão a funcionar, não porque os enfermeiros em greve não se tenham apresentado nos serviços, mas porque as próprias organizações não conseguiram disponibilidade de outros profissionais ou materiais para pôr as salas a funcionar”, disse Lúcia Leite, da Associação Sindical dos Enfermeiros Portugueses (ASPE), no final de um encontro, no Ministério da Saúde, entre a ministra da Saúde e os sindicatos dos enfermeiros.
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Portanto, frisou, “a falta de resposta é por ineficiência do sistema e não por falta de enfermeiros”, disse a dirigente da ASPE), que convocou a greve juntamente com o Sindepor – Sindicato Democrático dos Enfermeiros.
“Os enfermeiros têm tido muita cautela para diminuir o impacto sobre os doentes, sobretudo os doentes urgentes, e hoje é prova disso que estão disponíveis para atender todos os doentes urgentes que estão internados e que até agora não tem sido possível dar resposta a esses doentes mesmo com o acréscimo das salas que fizemos em serviços mínimos”, sublinhou Lúcia Leite.
Sobre a nova greve cirúrgica de 45 dias prevista para janeiro, a dirigente sindical disse que decorrerá “nos mesmos termos” da ocorrida até agora e que abrangerá mais hospitais.
Questionada sobre esta greve, Marta Temido disse que cumpre ao Governo “salvaguardar os interesses dos utentes” e “garantir que os portugueses não são confrontados com decisões setoriais que ultrapassam aquilo que são as possibilidades do país”.
Cumpre ainda ao Governo “tentar encontrar um caminho” para se aproximar das reivindicações dos profissionais.
“Tenho expectativa de que prevaleça a serenidade, a sensatez” e que “o extremar de posições que eu procurei inverter seja um caminho feito por todas as partes”, afirmou Marta Temido.
O movimento “greve cirúrgica” lançou uma recolha de fundos que angariou mais de 360 mil euros para financiar os grevistas e, entretanto, já lançou uma nova angariação para uma segunda greve.
O movimento de enfermeiros considera que as 35 horas de trabalho semanais não são uma realidade para todos os enfermeiros e que o descongelamento de escalões também está a criar desigualdades, prejudicando sobretudo os profissionais com contratos individuais de trabalho.
Os profissionais assumem ainda como “pontos em que estão irredutíveis” a criação da carreira de categoria especialista e a antecipação da idade da reforma para os 57 anos.
Os enfermeiros dos blocos operatórios de cinco hospitais públicos estão em greve há quase um mês, uma paralisação que se estende até 31 de dezembro e que tem provocado o adiamento de cerca de 500 cirurgias programadas por dia.
A greve está a decorrer nos blocos operatórios do Centro Hospitalar Universitário de S. João (Porto), no Centro Hospitalar Universitário do Porto, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e no Centro Hospitalar de Setúbal
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