Opinião
Energia – Soluções Domésticas
TORRES FARINHA
Na sequência dos artigos anteriores sobre energia, em que abordei soluções integráveis, quer nas redes nacionais de distribuição de energia eléctrica quer em redes locais, importa agora avaliar algumas das soluções existentes implementáveis, seja ao nível da casa monofamiliar seja em prédios citadinos.
Nestes casos existem diversificadas soluções que, em muitos casos, quando devidamente conjugadas, podem dar total autonomia a muitas casas e ainda capacidade de fornecimento ao exterior. Contudo, se este é um tema que urge aprofundar, hoje tratarei de soluções aplicáveis nas grandes cidades.
Existem no mercado nacional soluções de geração própria de energia, designadamente eólicas e solares, que podem ser implementadas quer individualmente quer conjugadas entre si. Porém, estas configurações têm derivado mais dos benefícios económicos, algumas vezes artificiais devido a uma política desequilibrada de subsídios, primeiro em ascensão e ora em extinção, conjugada com uma correspondente oferta de mercado, e não com uma real rentabilização das soluções tecnológicas conhecidas e já comerciadas no mundo.
De facto, existe uma panóplia de dispositivos para geração de energia que permitem encontrar soluções de crescente autonomia, seja a nível de casas individuais ou de prédios colectivos. Destas, podem destacar-se algumas, tais como: mini geradores eólicos, de eixo horizontal e vertical, que podem ser colocados na cobertura e ao longo das platibandas dos edifícios; painéis solares colocados nos tectos e nas paredes dos edifícios, geradores solares Stirling; e concentradores solares. As figuras seguintes ilustram algumas soluções já existentes no mundo com resultados muito positivos.
Como se verifica existem diversas soluções testadas e apenas um mercado enviesado e uma política de custos energéticos distorcida leva a que Portugal ainda não tenha adoptado muitas destas soluções; até porque numa altura de crise como a que vivemos, estas soluções são económicas, para além de ambientalmente amigáveis.
No âmbito deste tipo de soluções, impõe-se destacar o caso das vivendas que possuem quintal e os casos de quintas, onde existem animais. Nestas situações, a geração de biogás é extremamente simples e económica e pode suprir completamente as necessidades da habitação, incluindo cozinha e aquecimento.
Tem-se deixado intencionalmente de fora as soluções referentes ao aquecimento de águas através de painéis solares, que correspondem a uma solução complementar de conforto e de diminuição dos custos energéticos das famílias.
Adicionalmente há que acrescentar a importância em aumentar a eficiência energética nos edifícios. De facto, antes de instalar um equipamento de ar condicionado importa equacionar se não será mais adequado alterar as janelas e persianas por outras de materiais termicamente mais eficientes e, muitas vezes, só com estas pequenas alterações consegue-se o equilíbrio térmico dos edifícios, com ganhos económicos e ambientais.
Deve ainda acrescentar-se a importância em utilizar equipamentos eficientes, de classe A, sejam estes electrodomésticos, sejam equipamentos de iluminação, em que as lâmpadas LED correspondem à solução mais eficiente.
Importa ainda extrapolar soluções desta natureza para as cidades, designadamente para vertentes tais como a iluminação pública, onde os custos energéticos são pagos pelos contribuintes. Só nesta situação, a substituição das lâmpadas actuais por lâmpadas de LED poderia constituir uma redução superior a 50% dos custos de electricidade em iluminação. Se a esta alteração fosse associada um sistema de geração renovável, tal como os que têm estado a ser referidos, os ganhos económicos e ambientais seriam muito significativos. Adicionalmente, estas opções públicas têm uma importância estratégica determinante, que é a de servirem como exemplo e como incentivo para as atitudes individuais. Para além disso, mostram aos cidadãos a preocupação das edilidades em gastarem bem o dinheiro dos seus impostos.
A adopção destas novas soluções depende da atitude de cada um, mas também das políticas municipais e nacionais; porém, estas devem ser o motor das macro mudanças de política onde as individuais se devem inserir. Nesta perspectiva, Coimbra podia posicionar-se como cidade ecológica autossustentável liderante no domínio das energias renováveis, basta tomar as decisões políticas adequadas; porque não ousar?
TORRES FARINHA
Investigador
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