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Empresa de Cantanhede é pioneira na aquacultura de corvina

Notícias de Coimbra com Lusa | 11 horas atrás em 20-03-2025

A SEAentia, fundada por investigadores portugueses e sedeada em Cantanhede, é a primeira empresa no mundo a iniciar em 2026 a aquacultura de corvina em recirculação para fins comerciais a partir de Peniche, onde vai este ano começar a construir instalações.

A empresa, com o seu projeto-piloto instalado desde 2020 no Porto de Peniche, tem agora a investigação amadurecida e o financiamento para “avançar com a primeira escala comercial do projeto”.

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“Estamos a trabalhar com os nossos parceiros no desenvolvimento do projeto para um novo edifício de 8.750 metros quadrados no Porto de Pesca de Peniche para a escala comercial e tencionamos durante este ano iniciar a construção”, afirmou à agência Lusa João Rito, um dos administradores.

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A empresa está a investir nas instalações e na investigação e desenvolvimento do produto 16 milhões de euros, financiados pelo programa comunitário Mar 2030 (12,5 milhões de euros) e pelo fundo privado Indico Capital Partners (3,5 milhões de euros).

A ‘startup’ deverá começar a produzir corvina em 2026, perspetivando uma produção anual de 700 toneladas.

“Para chegarmos a um tamanho comercial de 2,5 quilogramas, vamos demorar um ano e meio, por isso estimamos cerca de 3,5 a 4 anos [2028] para termos o peixe no mercado”, perspetivou o também investigador da Universidade de Coimbra.

Na fase comercial do projeto, deverá aumentar de seis para 28 os postos de trabalho, todos qualificados.

Numa primeira fase, pretende exportar 60% a 80% da produção para o mercado holandês em busca do melhor preço e da sua sustentabilidade financeira.

Depois, tenciona replicar a unidade de produção comercial a outros locais no país ou no estrangeiro, por uma questão de sustentabilidade, em vez de apostar na exportação.

Em Peniche, tem instalado desde 2020 o seu projeto-piloto, que permitiu testar a investigação desenvolvida desde 2017, analisar o produto e provar aos possíveis investidores que o projeto científico pode tornar-se num negócio sustentável.

Os seus fundadores apostam na aquacultura de recirculação, tecnologia na qual se especializaram e já é usada no mundo para o cultivo de outras espécies de peixe, como o salmão, robalo ou a dourada.

Num pavilhão em terra, os tanques de aquacultura são abastecidos por água do mar filtrada e todo o ambiente é controlado, desde a salinidade, temperatura e ph da água.

Os peixes crescem à base de uma alimentação seca, resultado da formulação de diferentes fontes sustentáveis, sem uso de hormonas ou químicos, aperfeiçoada pelos seus próprios investigadores.

“A tecnologia permite-nos garantir o bem-estar animal, portanto, os peixes crescem mais rapidamente e mais saudáveis, têm menos mortalidade e no final o produto que vamos consumir tem muito melhor qualidade em termos de valor nutricional”, explicou o investigador para justificar a opção.

Nestas condições, “é um produto com muito menos contaminantes e com muito melhor valor nutricional do que a mesma espécie produzida noutro tipo de sistemas ou capturada” no mar, assegurou o investigador, para quem a aquacultura é no futuro a “única possibilidade de produzir peixe para alimentar a população mundial”.

Na fase comercial, a ‘startup’ quer implementar a rastreabilidade do produto para informar os consumidores acerca de todo o seu processo de produção e abate, e conseguir a certificação do produto.

A escolha da corvina prende-se com o facto de ser uma “espécie que não está inundada no mercado”, ter valor nutricional e de mercado superior a outros peixes, existir financiamento comunitário para projetos de aquacultura diferenciados e já haver estudos do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) em relação à biologia e ao comportamento em aquacultura desta espécie.

A SEAentia é uma das primeiras empresas do Parque de Ciência e Tecnologia do Mar de Peniche, no distrito de Leiria, cuja incubadora da economia do mar está também em construção dentro do porto.

Para João Rito, “Peniche é um dos maiores clusters da fileira do pescado e estando em Peniche têm a facilidade do escoamento e distribuição do produto, o que reduz muito o risco do projeto”.

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