Política
“Em outubro de 2026 verei o que irei fazer a seguir”
O primeiro-ministro disse que só em outubro de 2026 é que decidirá o que fazer quando cessar funções na liderança do Governo, mas não descartou uma nova candidatura à liderança do PS no congresso socialista de 2025.
Em entrevista a Francisco Pinto Balsemão, no “podcast” Deixar o Mundo Melhor, realizada no passado dia 21, António Costa garantiu que nunca exerceu “nenhum cargo político até hoje a pensar qual era o cargo político que ia exercer a seguir”.
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“Sei os que não quero. Agora, não vou nunca estar a distrair-me das funções que tenho ou a condicionar as funções que tenho ao que é que vou fazer a seguir. Em outubro de 2026 verei o que irei fazer a seguir”, assegurou, na entrevista, publicada pelo semanário Expresso.
Entre os cargos que disse não querer, António Costa referiu o de Presidente da República, reiterando que nunca será, “em circunstância alguma”, candidato a chefe de Estado.
“Acho que quem gosta de ser primeiro-ministro, quem tem uma vocação executiva, se for para a Presidência da República só arranjará complicações e dificuldades a quem está a exercer funções”, considerou.
Sobre um eventual cargo europeu, Costa referiu que, “por inerência, o primeiro-ministro é membro do Conselho Europeu” e considerou que a sua participação naquela instituição europeia “tem ajudado a Europa” e “tem sido boa também para Portugal”.
“Estou muito satisfeito e muito realizado com essa função”, disse.
Costa elogiou os antigos primeiros-ministros António Guterres e Durão Barroso por, durante os seus mandatos, terem percebido que, “se Portugal quer ter um peso efetivo na Europa, não se pode limitar à dimensão geográfica e populacional e, portanto, tem de integrar-se no conjunto dos debates europeus e não aparecer em Bruxelas só para tratar dos seus próprios problemas”.
Questionado especificamente sobre Durão Barroso – que, em 2004, apresentou a demissão do cargo de primeiro-ministro para se tornar presidente da Comissão Europeia -, Costa sublinhou que, apesar de nem ter “sempre concordado com a política” executada por Barroso enquanto líder do executivo comunitário, “foi bom para Portugal, indiscutivelmente”, que tenha exercido aquele cargo.
Interrogado depois se “não gostava” de ir para o lugar do atual presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, Costa respondeu: “Uma das boas condições para se exercer bem a função que se está a exercer é não andar a pensar no que queremos fazer a seguir”.
Apesar de salientar que só depois de 2026 é que irá decidir o que vai fazer quando deixar de ser primeiro-ministro, Costa reconheceu que, antes dessa data, tem de decidir se se mantém “na liderança do PS ou não”.
“O PS tem um congresso em 2023, tem outro em 2025, temos muito tempo pela frente. Para já, há uma coisa que tenho de fazer, que é cumprir o programa de Governo para que os portugueses me mandataram”, sublinhou, acrescentando que exerce com “muita satisfação” a função de primeiro-ministro.
Nesta entrevista, que decorreu antes do caso Alexandra Reis ter sido divulgado, levando à demissão do ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação Pedro Nuno Santos, Costa qualificou o PS como um partido “bastante vivo e que se anima”.
O chefe do executivo comparou a situação que se vive atualmente no partido com a que se viveu nos anos 1980, “em que o PS dispôs de quadros extraordinários, como o Jorge Sampaio, o António Guterres, o Vítor Constâncio, o Jaime Gama, e em que levaram muito tempo todos a ajustarem-se entre si”.
“Vivemos anos muito duros, de muita conflitualidade interna. (…) As gerações seguintes aprenderam que a vida interna do PS deve ser vivida com maturidade, o que não quer dizer que pensemos todos o mesmo e que não haja divergências. Agora, aprendemos foi a resolver entre nós as divergências”, disse.
Sobre a relação com os partidos da oposição, Costa considerou que o seu Governo tem tido “muito boa relação” com o líder do PSD, Luís Montenegro.
“Conseguimos um acordo muito importante para o futuro do país, que é termo-nos entendido sobre um primeiro passo fundamental, que é a metodologia para tomarmos uma decisão sobre onde vai ser o futuro aeroporto da região de Lisboa”, disse.
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