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Em época de eleições, cartazes e debates ficam à porta do bairro português de Hamburgo

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 horas atrás em 12-02-2025

No Bairro português de Hamburgo pouco ou nada se discute o tema das eleições legislativas antecipadas na Alemanha, são poucos os que votam, e até os cartazes escasseiam nas ruas.

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Na Casa do Benfica “só se fala de futebol”, garante o dono, mas Jaime Almeida, um dos clientes habituais deste estabelecimento aberto há três décadas, tem uma opinião bem formada sobre as eleições de 23 de fevereiro.

“Se votasse seria na União Democrata-Cristã (CDU)”, admite o português, de Torres Vedras, a viver há 35 anos em Hamburgo. O motivo é simples, diz, “porque é o partido que dá mais segurança”.

Não tem dupla nacionalidade, por isso não vota, mas não esconde a preocupação pelo futuro dos cinco filhos e quatro netos.

“Este crescimento da extrema-direita é um perigo para a democracia. Temos todos o direito de viver na Alemanha, desde que façamos a nossa parte (…) Não acredito que a CDU se junte à extrema-direita para mais nada, foi um erro”, revela.

A CDU, liderada por Friedrich Merz, que segue à frente nas sondagens, fez passar uma moção não vinculativa, com os votos da Alternativa para a Alemanha (AfD) que previa o endurecimento das políticas de asilo no país. A medida acabou por ser chumbada e Merz já veio garantir diversas vezes que uma aliança com a extrema-direita está fora de questão.

“Muitos portugueses que têm dupla nacionalidade estão preocupados e vão votar. Disseram-me que estão assustados quando vêm o Elon Musk nas redes sociais a dizer que o país precisa de uma limpeza e a apelar ao voto na AfD”, conta à Lusa Luís Pacheco, enquanto aquece as mãos segurando num galão.

O presidente da Associação luso hanseática assume que estes portugueses até são pessoas que não costumam votar, mas que o vão fazer desta vez.

“Antigamente as pessoas falavam mais abertamente sobre as suas ideias políticas, agora parece que não querem mostrar. Acho importante falar, discutir ideias. Talvez tenham vergonha de dizer a verdade”, receia.

Luís Pacheco admite ter algum receio, principalmente pelos jovens e a influência das redes sociais.

“Circulam muitos vídeos e muitos jovens não têm qualquer filtro, votam no que o Elon Musk lhes diz para votar, e ainda se riem”, lamenta.

No caminho até ao Café Cristal, numa esquina do bairro português, um cartaz do Die Linke (A Esquerda) mal se vê. Ao lado, um da CDU está caído no chão. Noutras partes da cidade, quase se sobrepõem uns aos outros. Em Hamburgo vota-se nas federais a 23 de fevereiro, e nas autárquicas exatamente uma semana depois.

Ilda Maria vai servindo às mesas em passo acelerado. O bairro está cheio de turistas e não há mãos a medir. Há 40 anos a viver na Alemanha, não vai votar, mas tem as ideias claras.

“Votaria na AfD. Tenho uma família grande e sei que muitos vão votar na AfD. Em Portugal também voto no Chega. Não apoio um Governo sozinho com a extrema-direita, não faz sentido, mas gostava de um Governo onde eles estivessem”, explica a dona deste café português.

“Não estou contra os estrangeiros que vivem cá, obviamente, mas sim contra os ilegais que não querem trabalhar. Os sistemas de saúde e educação estão de rastos. Eu pago muito para ter o meu negócio aqui a funcionar, nem queira imaginar, mas depois vejo gente que não faz nada a receber apoios. É triste”, desabafa.

“Atualmente vemos coisas inacreditáveis nas redes sociais, tentativas de violação, ataques. As pessoas que vêm viver para cá devem integrar-se”, remata, questionando a possibilidade uma coligação entre a CDU e a AfD.

A Alemanha realiza em 23 de fevereiro eleições legislativas antecipadas – estavam previstas para 28 de setembro -, na sequência da queda da coligação governamental liderada por Olaf Scholz e composta por SPD, liberais do FDP e Verdes.

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