Desporto
“É incrível a evolução de Portugal como país do surf” diz antigo vencedor da etapa da Figueira da Foz
Rob Machado, nascido na Austrália há 50 anos, que participa hoje no Capítulo Perfeito, em Carcavelos, destacou a evolução do surf em Portugal desde o ano 2000, quando venceu a prova do circuito mundial na Figueira da Foz.
“Já há muito tempo que não vinha a Portugal. Em 2000, foi a última vez que estive aqui a competir. Foi bom voltar e ver a evolução de Portugal como país do surf”, afirmou em entrevista à agência Lusa o surfista criado na Califórnia, nos Estados Unidos, que competiu na elite mundial entre 1993 e 2001.
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Rob Machado, que há cerca de um mês esteve em Portugal de férias com a família, aproveitando para surfar as ondas de Cascais e da Ericeira, reforçou que está impressionado com a forma como a modalidade se desenvolveu nos últimos anos.
“É realmente incrível, ver estas cidades do surf, como também é Peniche, e o quanto o surf tem sido recebido e respeitado como desporto no país. É lindo”, assinalou um dos ícones do surf mundial, que está apurado para as meias-finais do Capítulo Perfeito.
Questionado sobre as ondas gigantes da Nazaré, Rob Machado revelou que ainda não teve oportunidade de ver o ‘canhão’, admitindo que não é um objetivo seu surfar na Praia do Norte num dia de grande ondulação, mas que gostava de ir ao mar num dia de ondas perfeitas.
“A Nazaré é o único lugar onde nunca estive. Obviamente, vi muitas fotos e filmagens, mas nunca fui ver pessoalmente. Mas parece ser incrível com as falésias e as ondas enormes, e um dia quero ir lá. Não é a minha praia [surfar ondas gigantes], mas num dias de ondas perfeitas gostava de experimentar”, reconheceu.
Sobre a sua participação no Capítulo Perfeito, o surfista que sempre competiu sob a bandeira norte-americana realçou que é algo diferente, sobretudo, por estar afastado há vários anos das provas profissionais.
“Bem, esta é uma oportunidade única para mim, porque é muito incomum para mim competir ultimamente em provas de surf. Por isso, este é um evento muito especial para surfar com os mais novos e voltar a vestir a lycra. Espero encontrar boas ondas”, vincou.
Sobre a introdução do surf como modalidade olímpica, em Tóquio2020, Rob Machado ‘aplaudiu’ a decisão, mas apontou para “alguns desafios”.
“É muito bom que o surf seja reconhecido como desporto olímpico. Mas, como vimos no Japão, as condições não eram as melhores. Este ano, na Polinésia Francesa [onde vai ser disputado o surf dos Jogos Paris2024], é como se fosse o grande ano e toda a gente está animada. Espero que haja condições incríveis. Depois, os próximos Jogos são em Los Angeles, por isso, a prova pode ser em Huntington Beach, na Califórnia. A questão é o que acontecerá quando o país organizador não disponha de condições naturais”, advertiu.
Para o atleta, as piscinas de ondas, cada vez mais populares em todo o mundo, podem resolver a questão.
“A beleza do surf é a sua dependência da ‘mãe natureza’. Para os Jogos Olímpicos, o recurso a piscinas de ondas até faz mais sentido, porque é algo que se pode produzir e controlar. Podes construir uma piscina, e ela está lá, e é só ligar o botão e as ondas vêm. E isso resolve os problemas todos, ainda que não seja tão emocionante como enfrentar as condições do mar”, salientou Rob Machado.
Segundo o surfista, “parte da experiência do surf é encontrar as ondas, e cada onda é diferente”, por isso, numa piscina, em que cada onda é igual à anterior e à seguinte, “perde-se alguma coisa”.
Quanto às origens do seu apelido Machado, Rob revelou acreditar que “seja originário da Portugal”, mas confessando que não tem a certeza absoluta.
“Eu nasci na Austrália. Mas o lado paterno da família tem história no sul da Califórnia, e remonta muito antes de sermos a Califórnia. Eles foram os primeiros colonos do México que foram para a Califórnia. Acho que, talvez, antes disso eles eram originários de Portugal”, concluiu.
As meias-finais do Capítulo Perfeito vão decorrer ainda hoje. Os semifinalistas ficaram apurados durante a manhã, com o brasileiro Bruno Santos (antigo vencedor), Rob Machado, Salvador Vala (16 anos) e o norte-americano Dylan Graves na primeira bateria, e Tiago Stock (18 anos), Balaram Stack (Estados Unidos), Nathan Edge (Austrália) e Lucas Chianca – que venceu recentemente a prova da Liga Mundial de Surf (WSL) nas ondas gigantes da Nazaré – a comporem a segunda.
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