Opinião

Dúvidas ridículas

Opinião | Amadeu Araújo | Amadeu Araújo | 35 minutos atrás em 22-02-2025

Andam aí alguns fascinados com o estado profundo, o deep state, no anglicismo liberal, a vituperar com a regulamentação laboral, ambiental, direitos civis e proteção do consumidor. Menos direitos, mais dinheiro nos facultosos e menos liberdade. O mundo é um imenso mercado e, vindo da América, esse eco de que “a lealdade dos trabalhadores federais deve ser, em primeiro lugar, para com Trump, não para com a letra da lei”.

“Dúvidas ridículas”, diria o cónego de Braga, preocupado com a privatização dos cuidados primários. São os primeiros 39 centros de saúde privados. Empresariais, misericordiosos, académicos e sociais. Vamos a eles, depois o Estado é curto de massas em nome de resolver a falta de médicos em locais como Coimbra. A cadeira e o estetoscópio.

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No fazer, a conversa é outra. Veja-se a Associação Move Beiras a defender a criação de um serviço de transporte ferroviário no eixo Guarda-Vila Velha de Ródão, ou, mais ainda, Fundão e da Covilhã que propuseram ao Governo a criação de um serviço diário e regular entre as duas cidades. Então da Covilhã ao Tejo, valorizar as linhas da Beira Baixa e da Beira Alta.

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Haja dinheiro e parece que ele abunda nos bolsos dos casacudos. O Banco de Portugal anunciou que a economia portuguesa alcançou um excedente externo histórico de 9.300 milhões de euros em 2024, representando 3,3% do PIB. Este valor supera significativamente o registado em 2023, que foi de 5.300 milhões de euros. A balança de bens e serviços apresentou um saldo positivo de 6.700 milhões de euros, com o setor dos serviços a compensar largamente o défice da balança de bens. Toalha na praia à troca da lata dos feijões. E reciclar a lata.

O administrador da LIPOR, Associação de Municípios para a Gestão Sustentável de Resíduos do Grande Porto, veio gritar para a emergência nacional nos resíduos, após prejuízos de 2,9 milhões de euros em 2023. Diz Fernando Leite que os 475 milhões de euros do PERSU 2030, dinheiro europeu que é insuficiente, face aos 3,7 mil milhões necessários para investimentos no setor. Ui.

Resíduos que dão dinheiro, até os endógenos. Venham das águas termais, plantas aromáticas autóctones e subprodutos das indústrias olivícola e vinícola na Beira Interior. É com estes produtos e resíduos que a Universidade de Coimbra quer desenvolver produtos inovadores e sustentáveis com recursos endógenos da Beira Interior, nos distritos da Guarda e de Castelo Branco.

Enquanto cuidamos da sustentabilidade, e do sustento, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica andou em missão com a Brigada Especializada de Segurança Geral de Produtos, da Unidade Regional do Centro.

Parece a tropa dos governos militares. E lá foram em fiscalização, danados com a conformidade, classificação e designação dos produtos da construção, colocados ou disponibilizados no mercado, designadamente, colas para ladrilhos. Percebem agora a regulamentação?

Foram apreendidas, numa indústria de cimentos, cola e argamassa, mais de 35 toneladas de colas para ladrilhos. Sai coma que falta aqui a ficha de dados de segurança.

Depois admiram-se. Quando já nem cheirar cola se pode, que fazemos? Marchamo-nos à Bobadela? Viramos homens dos resíduos e abrimos um consultório!

OPINIÃO ! AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA

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