A terapeuta Mariana Moldão, o triatleta Jaime Bacharel e o engenheiro civil Nuno Rodrigues, todos eles coralistas, são três dos protagonistas de um filme sobre o Coro Gulbenkian, de Edgar Ferreira, que se estreia na quinta-feira nos cinemas.
O documentário “Coro” foi produzido para assinalar os 60 anos da criação do Coro Gulbenkian, juntando-se a outros dois filmes sobre a Orquestra Gulbenkian, em “Soma das Partes”, também de Edgar Ferreira, e sobre o extinto Ballet Gulbenkian (1965-2005), em “Um Corpo que Dança”, de Marco Martins.
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À proposta da Fundação Calouste Gulbenkian, o realizador Edgar Ferreira, que também é produtor da Galope Filmes, respondeu com um retrato plural, contrapondo testemunhos de coralistas com algum trabalho de arquivo histórico.
Nos primeiros minutos de “Coro” surge o atleta Jaime Bacharel em pleno treino de triatlo, até se perceber que, já numa sala de ensaio, é um dos cem elementos desta formação vocal, fundada em 1964 por iniciativa de Madalena Azeredo Perdigão, então diretora do Serviço de Música da Gulbenkian.
“Eu tinha esta curiosidade: como é que, havendo um coro com a reputação internacional do Coro Gulbenkian, os músicos não são músicos a tempo inteiro. Trabalham oito horas diárias noutra profissão, chegam aqui e vão fazer mais horas de ensaio em nome de uma paixão comum”, afirmou Edgar Ferreira em declarações à agência Lusa.
Jaime Bacharel foi um dos coralistas que, no processo de produção do filme, aceitou dar o testemunho e explicar como concilia os vários caminhos profissionais, entre o atletismo e a música.
A ele juntam-se Aníbal Coutinho, enólogo, Mariana Moldão, terapeuta da fala, Lucília de Jesus, que desistiu de secretariado para estudar música, ou Luís Miguel Pereira, médico para quem o coro “é um bálsamo”.
Para este filme, Edgar Ferreira queria mesmo uma perspetiva de abordagem “mais humana”, embora a componente histórica esteja presente com imagens de arquivo de atuações e com referências ao maestro Michel Corboz, que dirigiu o coro durante 52 anos, entre 1969 e 2021.
É José Bruto da Costa, coralista e musicólogo, que dá o enquadramento histórico da criação do Coro Gulbenkian, lembrando que se manteve semiprofissional até à atualidade e que talvez seja isso o que lhe dá “personalidade”; o facto de “os coralistas terem vida para lá” do coro.
Os que testemunham no filme são representativos dessa pluralidade de realidades. Marisa Figueira, professora de música, diz que o “Coro Gulbenkian é o alimento depois de um dia de trabalho”, enquanto o enfermeiro Rui Miranda admite que os ensaios e os concertos ajudam a “desligar do ritmo caótico de um serviço de urgência”.
Edgar Ferreira também já tinha feito um documentário sobre o maestro Michel Corboz, cujo percurso se entrelaça com o do Coro Gulbenkian, pelo que lhe faria mais sentido olhar para a formação coral numa perspetiva do presente.
“Coro” estreia-se nos cinemas na quinta-feira, em Lisboa, Porto, Vila Nova de Gaia, Coimbra, Viseu e Funchal, estando previstas sessões especiais na capital na sexta-feira e no domingo, com a presença do realizador e de alguns dos coralistas.
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