Helena Freitas diz que este é “momento de oportunidade” para construir uma floresta diferente

Notícias de Coimbra | 7 anos atrás em 30-06-2017

A coordenadora da Unidade de Missão para a Valorização do Interior mostrou-se hoje “muito preocupada” com as consequências dos incêndios na desertificação do território e disse esperar que este seja “um momento de oportunidade” para construir uma floresta diferente.
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“Estou muito preocupada, muito apreensiva. Este não é o momento de desistirmos, nem de ficarmos prisioneiros a uma discussão que se passa em Lisboa e que acaba no fim do verão com a expiação da culpa”, afirmou Helena Freitas à agência Lusa.

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Na sua opinião, “a solução é complexa” e, apesar de muitas pessoas terem dito, e bem, que “passa pelo ordenamento, pela nova composição da floresta”, trata-se de “um caminho que só é possível se o compromisso político também for real”.

Helena Freitas referiu que os municípios dos distritos de Coimbra e de Leiria afetados pelos incêndios “têm vindo a sofrer um acentuado despovoamento e um empobrecimento por perda de soluções dinâmicas e de iniciativa económica”.

“Revelam indicadores de natureza socioeconómica que são frágeis”, lamentou, temendo que, depois dos recentes incêndios, a situação ainda piore.

Segundo a responsável, muitas pessoas destes territórios “acabam por procurar um rendimento fácil, em particular o eucalipto”, porque não têm alternativa.

“A administração pública tem que construir aqui soluções alternativas para conseguirmos uma floresta diferente, mais organizada e com composição mais adequada”, frisou.

Helena Freitas disse não compreender que ainda se subsidie esta espécie, quando “é preciso subsidiar, isso sim, e com força, as espécies autóctones, que podem vir a produzir uma floresta mais resiliente, mas que demora muito mais tempo a construir”.

“Temos que encontrar uma equação nos territórios, com o apoio das autarquias e a sua disponibilidade, que, não retirando o rendimento às famílias, comece a construir uma alternativa”, frisou.

A coordenadora da Unidade de Missão para a Valorização do Interior disse não ter dúvidas de que os portugueses perceberam “a dimensão da tragédia, a complexidade do problema e também a incapacidade que tem havido para o resolver”.

“Tem havido uma real incapacidade por parte do Estado para resolver um problema que se tem vindo a agravar e que tenderá a agravar-se com o abandono progressivo da atividade económica associada ao território, o envelhecimento, o despovoamento do território e a sua entrega a rendimentos de outra natureza”, avisou.

Na quarta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que os sete concelhos afetados pelos incêndios vão ser alvo de um projeto-piloto de reordenamento da floresta.

O Governo pretende “utilizar este território para fazer um projeto-piloto no reordenamento da floresta, na revitalização do interior”, afirmou António Costa, após uma reunião em Pedrógão Grande, distrito de Leiria, com os presidentes dos sete municípios afetados: Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera, Pampilhosa da Serra, Góis, Penela e Sertã.

Os incêndios que deflagraram na região Centro no dia 17 provocaram 64 mortos e mais de 200 feridos, e só foram dados como extintos no sábado.

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