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Diretor de jornal Daily Mail convocado ao parlamento britânico após notícia “misógina e ofensiva”
O presidente da Câmara dos Comuns revelou hoje ter convocado o diretor do jornal Daily Mail, após criticar a notícia “misógina e ofensiva” que alega que a deputada trabalhista Angela Rayner usa saias para distrair o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
“Partilho as opiniões manifestadas por um largo número de deputados, incluindo, penso, o primeiro-ministro, de que o artigo de ontem [domingo] emitiu alegações infundadas misóginas e ofensivas”, disse Lindsay Hoyle, na abertura da sessão parlamentar.
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Em causa está uma notícia no Mail on Sunday com base em deputados conservadores anónimo, que terão dito que Rayner cruza e descruza as pernas durante os debates parlamentares como parte de uma estratégia para distrair Johnson.
O jornal comparou a situação à famosa cena do filme “Instinto Selvagem” entre Sharon Stone e Michael Douglas.
Hoyle disse que a notícia é “degradante, ofensiva para as mulheres no parlamento, [e] pode dissuadir as mulheres que possam pensar concorrer às eleições”, tendo convocado o diretor do Daily Mail, David Dillon, para “discutir mais o assunto”.
Deputados de todos os partidos condenaram o tom e conteúdo da notícia, incluindo o próprio primeiro-ministro, que a descreveu como “um monte chocante de disparates machistas e misóginos”.
“Eu entrei imediatamente em contacto com Angela e tivemos uma troca [de mensagens de telemóvel] muito simpática”, revelou.
O artigo alega que vários parlamentares conservadores acreditam que Angela Rayner terá adotado aquela estratégia porque “sabe que não pode competir com o treino de Boris em debate de Oxford”.
O texto vinca a diferença de educação entre Rayner, de 42 anos, “uma avó que deixou a escola aos 16 anos sem habilitações quando engravidou, para se tornar cuidadora (no serviço social)”, e Johnson, “formado numa escola privada”, em Eton, frequentada pelas elites, seguida pela universidade.
Em resposta ao artigo, Rayner rejeitou as “mentiras” publicadas e acusou os acólitos de Johnson de “espalhar calúnias depravadas desesperadas” e de terem “um problema com mulheres” em posições de influência.
“Fui acusada de uma ‘artimanha’ para ‘distrair’ o pobre do primeiro-ministro: por ser mulher, por ter pernas e por usar roupas”, lamentou, através da rede social Twitter.
A vice-líder do Partido Trabalhista sugeriu que este ataque é uma tentativa dos apoiantes de Johnson para distrair as atenções e ajudar o líder do Partido Conservador, sob pressão para se demitir após ter sido multado por desrespeitar as restrições da pandemia covid-19.
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