Coimbra

Descoberta de equipa da Universidade de Coimbra perspetiva tratamentos inovadores usando exossoma

Notícias de Coimbra | 9 anos atrás em 31-08-2015

Uma equipa multidisciplinar de 12 investigadores da Universidade de Coimbra (UC) descobriu que a conexina43, uma proteína especializada na comunicação entre células vizinhas, existe também nos exossomas – vesículas extracelulares que podem funcionar não apenas como uma forma de células distantes comunicarem mas também como um “sistema de controlo de qualidade”, através do qual as células podem libertar conteúdos indesejados ou potencialmente tóxicos.

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Esta descoberta, acabada de publicar na conceituada Scientific Reports, do grupo Nature, abre caminho para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas, nomeadamente no tratamento de doenças cardiovasculares, utilizando os exossomas como veículo de fármacos e a conexina43 como um “facilitador” da libertação do conteúdo dos exossomas nas células alvo.

Os exossomas, explica Henrique Girão, líder do estudo e investigador do Instituto de Imagem Biomédica e Ciências da Vida e da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra:

têm um grande potencial clínico e terapêutico. Sendo de fácil acesso (encontram-se presentes, p. ex, na saliva e no sangue), é possível isolá-los e identificar nos seus constituintes moléculas que podem funcionar como “biomarcadores” para diagnóstico ou prognóstico de doença. Uma vez isolados é ainda possível manipular o seu conteúdo, nomeadamente em termos de fármacos, e voltar a introduzi-los no organismo, podendo assim funcionar como veículos terapêuticos».

Considerando o papel já conhecido da conexina43 na mediação da comunicação entre células adjacentes, este estudo, realizado em linhas celulares, modelos animais e amostras humanas, demonstra «a otimização de recursos pelos sistemas biológicos, uma vez que a mesma proteína envolvida na comunicação entre células pode também mediar a comunicação dos exossomas com as células», nota Henrique Girão.

Após identificarem pela primeira vez a existência de conexinas nos exossomas, os investigadores pretendem agora avaliar a sua relevância num contexto fisiopatológico «nomeadamente no contexto cardiovascular, onde os exossomas podem mediar a comunicação entre os diferentes tipos de células que constituem o coração, garantindo o seu normal funcionamento ou, em alternativa, contribuir para o desenvolvimento de doença cardíaca», sublinha.

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Esta comunicação «entre exossomas e células garantida pela conexina pode ser particularmente útil para aumentar a eficiência da libertação de fármacos, veiculados em exossomas, nas células alvo, abrindo, desta forma, portas para o desenvolvimento de formas de tratamento inovadoras e mais eficazes no combate a vários tipos de doença», conclui o coordenador do estudo que envolveu também investigadores da UC Biotech.

A equipa vai ainda avaliar em contexto clínico (com doentes), em colaboração com o Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), se a conexina43 dos exossomas poderá funcionar também como um indicador para as doenças cardiovasculares.

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