Tribunais

Derrocada de estrada chega a tribunal em 2024

Notícias de Coimbra com Lusa | 1 ano atrás em 18-11-2023

Passados cinco anos da derrocada de uma estrada municipal para o interior de pedreiras em Borba, no distrito de Évora, que fez cinco mortos, o caso ainda não chegou a julgamento, mas deverá começar já no início de 2024.

A data prevista para o início do julgamento foi apontada pelo Tribunal Judicial da Comarca de Évora, numa resposta a questões colocadas pela agência Lusa por correio eletrónico.

PUBLICIDADE

publicidade

“O julgamento ocorrerá, previsivelmente, no início do próximo ano civil, não sendo ainda possível, nesta fase, indicar as concretas datas”, referiu.

Segundo o tribunal, o processo judicial encontra-se na fase de contestação pelos arguidos, quer quanto à acusação pública, quer quanto ao pedido de indemnização deduzido nos autos.

Um dos arguidos, acrescentou, envolveu no processo uma seguradora, encontrando-se agora a decorrer o prazo para a entidade poder apresentar contestação.

A Lusa também questionou o Tribunal Administrativo e Fiscal de Beja sobre a ação intentada pelo Estado para reaver mais de 1,6 milhões de euros pagos em indemnizações às famílias das vítimas, mas não obteve resposta, até sexta-feira, 17 de novembro.

Na tarde de 19 de novembro de 2018, um troço de cerca de 100 metros da estrada municipal (EM) 255, entre Borba e Vila Viçosa, colapsou devido ao deslizamento de um grande volume de rochas, blocos de mármore e terra para o interior de duas pedreiras.

PUBLICIDADE

publicidade

O acidente causou a morte de dois operários de uma empresa de extração de mármore na pedreira que estava ativa e de outros três homens, ocupantes de duas viaturas que seguiam no troço da estrada e que caíram para o plano de água da pedreira sem atividade.

No processo remetido para julgamento, com um total de seis arguidos, o presidente da Câmara de Borba, António Anselmo, está acusado de cinco crimes de homicídio e o seu vice-presidente, Joaquim Espanhol, de três crimes de homicídio por omissão.

A sociedade ALA de Almeida Limitada, que possuía a licença de exploração da pedreira e cujo gerente já morreu, e o responsável técnico Paulo Alves foram acusados, cada um, de 10 crimes de violação de regras de segurança.

Por sua vez, os funcionários da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) Bernardino Piteira e José Pereira também foram pronunciados por dois crimes de homicídio por omissão.

Os seis arguidos juntamente com a Câmara de Borba e as três herdeiras do gerente da sociedade ALA de Almeida Limitada são os visados na ação administrativa intentada pelo Estado.

Pelo menos, a câmara e os autarcas de Borba contestaram a ação intentada pelo Estado e um dos argumentos diz respeito à “questão prejudicial desta ação em face do processo-crime pendente”, considerando que “o Estado não tem o direito que invoca”.

Os 19 familiares e herdeiros das vítimas mortais da derrocada receberam indemnizações do Estado, num montante global de cerca de 1,6 milhões de euros, cujas ordens de transferência foram concluídas em 2019.

Com a EM255 cortada no troço que ruiu, as câmaras de Vila Viçosa e Borba exigiram a reabilitação da estrada que ligava as duas localidades e, segundo o presidente do município de Vila Viçosa, Inácio Esperança, chegaram a realizar-se reuniões entre as partes.

Uma nova reunião, que estava marcada para quarta-feira, foi desmarcada pelo Governo, revelou.

Também o PSD reclamou a reabilitação da EM255, através de um projeto de resolução que foi chumbado no parlamento, em 12 de maio, com os votos contra do PS e a favor de PSD, Chega, IL, Bloco, PAN e Livre e a abstenção do PCP.

Related Images:

PUBLICIDADE

publicidade

PUBLICIDADE