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Deputados alertam que máscaras podem ser foco de contaminação
A maioria dos deputados da Assembleia da República alertou hoje que o descarte inapropriado de materiais de proteção contra a covid-19, como máscaras, pode constituir um foco de contaminação, e apelou ao uso de reutilizáveis.
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O plenário debateu hoje, por iniciativa do PEV, cinco projetos de resolução (PEV, PSD, BE, PAN e PS) e um projeto de lei apresentado pelo PCP, que serão votados na quinta-feira, e instam o Governo a dinamizar uma campanha nacional que informe os portugueses sobre o descarte correto de equipamentos de proteção individual, como máscaras e luvas.
No debate, foram vários os partidos que alertaram que estes materiais têm sido descartados na via pública ou em ecopontos, o que pode constituir um foco de contaminação da doença provocada pelo novo coronavírus para a sociedade e, em especial, para os trabalhadores do setor dos resíduos.
Mariana Silva, do PEV, foi uma das parlamentares que criticou “a forma inaceitável com muitos começaram a deitar as luvas e máscaras descartáveis para o chão ou para o contentor amarelo”, destinado ao plástico e metal.
A deputada assinalou que os equipamentos de proteção devem ser colocados num saco fechado, que depois deverá ser colocado no contentor destinado ao lixo orgânico e defendeu que uma campanha de informação destinada a toda a população seria “fundamental” para não “juntar o problema do tratamento dos resíduos ao problema da pandemia”.
Também Alma Rivera, do PCP, destacou que “as luvas, máscaras e materiais de proteção não devem, em caso algum, ser depositados no ecoponto”, mas alertou que “o respeito por estes procedimentos não está garantido porque as pessoas não tiveram acesso a esta informação”.
Defendendo que “é da maior importância que a recolha seletiva seja retomada e mantida”, depois de ter sido suspensa em alguns municípios, a deputada comunista notou que a triagem dos resíduos é feita de forma manual, pelo que deve ser “assegurada a segurança dos trabalhadores”, através da adaptação “das empresas às novas condições” impostas pela pandemia.
Também o PSD concordou que a informação quanto ao descarte de materiais de proteção, que está a ser utilizado pelos portugueses “grandes quantidades”, foi difundida “mas não com a abrangência necessária”.
O deputado Bruno Coimbra considerou que “é preciso garantir a eficácia dos sistemas de gestão de resíduos” e “publicitar as boas práticas”.
De acordo com os deputados, uma das formas de contrariar o aumento do volume de lixo produzido durante a pandemia passa pelo recurso a máscaras reutilizáveis, desde que não constitua risco para a saúde.
Para Nelson Peralta, do BE, este problema “necessita de uma solução nova”, que pode passar pela reutilização de máscaras, desde que as pessoas saibam utilizá-las e higienizá-las corretamente.
“É uma resposta essencial para reduzir a quantidade de resíduos, para não sobrecarregar os sistemas de recolha e proteger o ambiente”, defendeu, referindo que “menos resíduos contaminados reduz os riscos para toda a sociedade e protege toda a sociedade”.
Na ótica do PAN, esta “crise veio novamente mostrar” que muita gente “não está na posse de informação sobre a deposição de resíduos.
Notando que “serão utilizados milhões de máscaras por mês”, o porta-voz do partido, André Silva, pediu que seja feito “um esforço para reduzir os resíduos” produzidos, e pediu que a campanha saliente “os benefícios das máscaras reutilizáveis”.
O deputado Hugo Pires, do PS, disse que é preciso “proteger os trabalhadores da recolha e tratamento de resíduos” e a sociedade em geral, porque “só a prevenção continua a evitar a proliferação de casos registados” e que deve haver um alerta para “o problema ambiental e o risco para a saúde pública”.
O socialista pediu ainda que os portugueses sejam consciencializados “para o uso de máscaras sociais reutilizáveis”, considerando que isso “é essencial para reduzir produção de resíduos”.
João Gonçalves Pereira, do CDS-PP, afirmou que o recurso a materiais reutilizáveis é “algo extremamente positivo” e pediu um “particular envolvimento das autarquias” na campanha de sensibilização.
A deputada não-inscrita Joacine Katar Moreira apontou que “é necessário limitar o consumo exponencial de plástico descartável” durante a pandemia e instou os deputados a darem o exemplo no uso de máscaras reutilizáveis, algo que “é mais ecológico e também é mais económico”.
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