Coimbra
Criadores de ruminantes repudiam decisão da Universidade de Coimbra sobre carne de vaca
Três associação de criadores de ruminantes do distrito da Guarda manifestaram hoje “estranheza e repúdio” pelas declarações do reitor da Universidade de Coimbra relacionadas com a proibição da carne de vaca nas cantinas.
As direções das associações pecuárias ACRIGUARDA (Guarda), ACRISABUGAL (Sabugal) e ACRIALMEIDA (Almeida) analisaram a anunciada interdição do consumo de carne de vaca nas cantinas da Universidade de Coimbra, a partir de janeiro, e tomaram uma posição conjunta sobre o assunto.
No documento hoje enviado à agência Lusa, os dirigentes das três corporações de produtores manifestam “estranheza e repúdio pelas declarações do reitor da Universidade de Coimbra”, considerando que “demonstram um enorme desconhecimento da realidade agrícola e pecuária da região e do país”.
Na nota, referem também que “uma Universidade não pode, nem deve, proibir, mas sim estudar e investigar a realidade dos vários setores de atividade e propor soluções para incentivar as empresas, neste caso as agrícolas, para melhorar as suas produções, bem como as condições de trabalho e atenuar eventuais efeitos negativos em termos ambientais e outros”.
As três associações subscrevem a posição já expressa pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e esclarecem o reitor da Universidade de Coimbra que, na grande maioria das explorações pecuárias dos seus associados, os animais “são criados em regime extensivo, encontrando-se as explorações em Modo de Produção Integrada ou Biológica”.
Lembram ainda que a proposta, a ser replicada, “levará ao abandono de vastas zonas do interior, ocupadas por solos esqueléticos muito pobres, sem outro tipo de aptidão, que não a instalação de pastagens biodiversas, para pecuária extensiva”.
Os dirigentes acrescentam que aquela Universidade “deveria estar a estudar e investigar, pelo menos para a região Centro, de forma a encontrar soluções viáveis do ponto de vista tecnológico e ambiental para fixar pessoas e não para as expulsar do seu território”.
As associações ACRIGUARDA, ACRISABUGAL e ACRIALMEIDA referem ainda que onde existe pecuária, neste caso, bovinos, “há muito menos incêndios rurais pela ação dos próprios animais e limpeza de matos efetuada pelos verdadeiros amigos do ambiente: os agricultores”.
Na terça-feira, o reitor da Universidade de Coimbra anunciou que vai eliminar o consumo de carne de vaca nas cantinas universitárias a partir de janeiro de 2020.
Segundo o reitor, Amílcar Falcão, este será o primeiro passo para, até 2030, tornar a Universidade de Coimbra “a primeira universidade portuguesa neutra em carbono”.
“Vivemos um tempo de emergência climática e temos de colocar travão nesta catástrofe ambiental anunciada”, sublinhou, na sua intervenção, perante centenas de alunos.
A carne de vaca será substituída “por outros nutrientes que irão ser estudados, mas que será também uma forma de diminuir aquela que é a fonte de maior produção de CO2 que existe ao nível da produção de carne animal”.
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