Saúde

Covid-19: Mais de 100 vacinas candidatas, cinco em ensaios clínicos 

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 10-04-2020

 Um balanço hoje divulgado pela revista científica Nature contabiliza 115 vacinas candidatas contra a doença infecciosa respiratória covid-19, das quais 78 estão ativas e cinco em fase de ensaios clínicos.

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O balanço, atualizado na quarta-feira, foi feito com base em dados recolhidos pela Coligação para a Inovação na Preparação contra Epidemias (CEPI, na sigla em inglês), criada em 2017 para incentivar e acelerar o desenvolvimento de vacinas contra doenças infecciosas emergentes e torná-las acessíveis às pessoas durante os surtos.

Algumas das possíveis vacinas que são elencadas no artigo da Nature têm financiamento desta coligação internacional, que reúne organizações públicas, privadas, filantrópicas e civis e tem sede em Oslo, na Noruega.

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Das 115 vacinas candidatas, 37 não foram confirmadas como estando em situação ativa por falta de informação disponível.

Entre as 78 vacinas candidatas ativas, 73 encontram-se em fase exploratória ou pré-clínica. As restantes cinco estão em ensaios clínicos, isto é, a ser testadas em pessoas.

A primeira vacina candidata contra a covid-19 começou a ser testada, com uma “rapidez sem precedentes”, em 16 de março, nos Estados Unidos, depois de ter sido publicada, em 11 de janeiro, a sequência genética do coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença respiratória aguda.

O novo coronavírus (família de vírus) foi detetado em dezembro, na China, onde começou a pandemia.

A CEPI salienta que o “esforço global” na investigação e no desenvolvimento de uma vacina para a covid-19 não tem paralelo “em termos de escala e velocidade”.

A obter-se uma vacina no início de 2021, segundo as previsões das autoridades sanitárias norte-americanas, tal significa uma alteração significativa no padrão tradicional de desenvolvimento de uma vacina, que pode demorar em média mais de 10 anos a ser produzida, assinala a CEPI.

Mesmo a primeira vacina contra o vírus do Ébola levou cinco anos a ser criada, ressalva.

De acordo com o panorama traçado pela Coligação para a Inovação na Preparação contra Epidemias, a maioria das vacinas candidatas, sobre as quais existe informação disponível, pretende induzir a formação no organismo de anticorpos (glicoproteínas) neutralizadores da proteína-chave do coronavírus, a chamada proteína da espícula, que permite que o SARS-CoV-2 entre nas células humanas ao ligar-se a uma enzima (substância proteica), a ACE2.

A indução da produção de anticorpos específicos para o SARS-CoV-2 está a ser tentada com vários métodos, como vírus vivos atenuados, vírus inativos, vírus manipulados geneticamente, proteínas recombinantes, adjuvantes imunológicos, ácidos nucleicos (ADN e ARN), moléculas semelhantes a vírus (mas sem material genético viral) e péptidos (complexos de aminoácidos).

Alguns dos métodos já estão licenciados para a produção de vacinas.

Mais de metade das linhas ativas das vacinas candidatas (56) estão a ser desenvolvidas pela indústria farmacêutica/setor privado e as restantes (22) pela academia, organizações sem fins lucrativos e setor público.

Apesar do envolvimento de grandes multinacionais farmacêuticas, como a Janssen, a Sanofi, a Pfizer e a GlaxoSmithKine, muitos dos principais promotores de vacinas contra a covid-19 são de dimensão mais pequena e ou inexperientes na produção a larga escala de uma vacina, destaca a CEPI.

Neste contexto, a CEPI defende uma “cooperação e coordenação internacional forte” entre promotores, reguladores, decisores, financiadores, autoridades de saúde e governos para que uma vacina promissora possa ser fabricada em “quantidades suficientes” e ser “fornecida equitativamente a todas as áreas afetadas” pela pandemia, em particular as regiões mais pobres.

Segundo os dados recolhidos pela CEPI, nomeadamente através da Organização Mundial de Saúde (OMS) e laboratórios, a maioria das vacinas candidatas em ativo está a ser desenvolvida na América do Norte (36), seguindo-se na China, Austrália e Europa (14 em cada).

Para garantir a eficácia da potencial vacina, modelos animais estão a ser criados especificamente para a covid-19, incluindo ratos geneticamente modificados que expressem a enzima humana ACE2, a porta de entrada do SARS-CoV-2 nas células e da infeção.

A Coligação para a Inovação na Preparação contra Epidemias foi fundada em Davos, na Suíça, pelos governos da Noruega e Índia, Fundação Bill e Melinda Gates, pela organização britânica Wellcome Trust e pelo Fórum Económico Mundial.

Além das entidades fundadoras, a CEPI é financiada pela Comissão Europeia e pelos governos do Reino Unido, Alemanha, Japão, Canadá, Etiópia, Austrália, Bélgica, Dinamarca e Finlândia.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,5 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 94 mil.

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