Uma falha de segurança na aplicação de rastreamento de pessoas infetadas com o novo coronavírus no Qatar, cujo uso é obrigatório no emirado, expôs dados pessoais de mais de um milhão de utilizadores a ataques cibernéticos, segundo a Amnistia Internacional.
O defeito no código desta aplicação controversa foi corrigido na sexta-feira, depois de um relatório daquela organização não-governamental (ONG) divulgado na véspera.
PUBLICIDADE
A falha tornou os dados pessoais de mais de um milhão de utilizadores vulneráveis a ataques, incluindo o número do cartão de identidade, a localização geográfica e o ‘status’ (doente, saudável ou outro) em relação ao novo coronavírus.
A aplicação “Ehteraz” (precaução, em árabe), obrigatória desde sexta-feira para todos os habitantes sob pena de prisão, causou um raro descontentamento no país e foi denunciada por especialistas e ativistas pela proteção de dados pessoais.
A aplicação exige que os utilizadores permitam o acesso à sua localização, fotografias e vídeos, e que autorizem chamadas.
As autoridades tentaram tranquilizar as pessoas, dizendo que vão responder a questões de privacidade, tendo sido disponibilizada uma atualização no domingo.
“O Laboratório de Segurança Internacional da Amnistia conseguiu aceder a informações confidenciais, incluindo nomes de utilizadores, estado de saúde e coordenadas GPS do local de contenção, porque o servidor central não tinha as medidas de segurança necessárias para proteger os dados”, disse hoje a ONG.
“Se a Amnistia reconhece os esforços e ações do Governo do Qatar para conter a epidemia de covid-19, como (o estabelecimento de) livre acesso à assistência, essas medidas deverão permanecer alinhadas com os padrões de direitos humanos”, acrescenta.
O Qatar listou oficialmente mais de 47.000 infeções, incluindo 28 mortes, entre os seus 2,75 milhões de habitantes, ou seja, 1,7% da população, uma das taxas mais altas do mundo.
As medidas do país para conter a pandemia estão entre as mais rigorosas do mundo. Uma pessoa que não usa máscara de proteção em público pode ser condenada a até três anos de prisão.
PUBLICIDADE
You must be logged in to post a comment.