Coimbra
Cota de cheia no Mondego sobe 2 metros. “Inaceitável”, refere José Manuel Silva
O presidente da câmara de Coimbra, José Manuel Silva, considerou “inaceitável” a decisão da subida do leito de cheia no rio Mondego por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Uma alteração de 2 metros que levará a que “as obras de regularização do Mondego não resistam a este nível de cheia”, levando o autarca a exigir a construção da Barragem de Girabolhos.
Na intervenção feita durante o Período Antes da Ordem do Dia, é referido que a elevação do nível de cheia do milénio para 2500 m3/s na Ponte Açude “representa uma elevação da cota de cheia máxima de 15,3 para 17,4 metros, ou seja, acrescentar mais cerca de 2 metros às cheias de 2019”.
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Daí que questione se os responsáveis “conseguem imaginar as cheias de 2019 com mais dois metros de água em cima”. A resposta, para já, é que uma decisão como esta “seria uma verdadeira catástrofe para Coimbra e para o vale do Mondego”, obrigando mesmo ao reforço de “todo o sistema hidráulico do Mondego e avaliar o efeito sobre a Ponte Açude”.
“O inaceitável desta questão é que esta marcada elevação da cota da ‘cheia do milénio’ se deve ao facto da barragem de Girabolhos não ser construída, penalizando duplamente Coimbra e todo o vale do Mondego, ou seja, as obras de regularização do Mondego não resistirão a este nível de cheia e todo o desenvolvimento urbanístico ao longo do Mondego, incluindo Coimbra, vai ser fortemente condicionado, com mais restrições de construção e maior risco para quem já lá está, entre os 15 e os 17 metros. É absolutamente inaceitável”, frisou o autarca.
Uma questão que deve ser contestada por todos os concelhos do Vale do Mondego, levando a que seja necessária a construção da barragem de Girabolhos. Um projeto que “não se insere em nenhuma das áreas nucleares de conservação da natureza e da biodiversidade integradas no Sistema Nacional de Áreas Classificadas” e que, na sua opinião, deve fazer parte da campanha eleitoral para as eleições legislativas de 10 de março.
“Coimbra exigirá Girabolhos ao próximo Governo e quer este tema debatido na campanha eleitoral. Quem se recusar a construir Girabolhos será por nós responsabilizado pelas futuras catástrofes no Mondego”, disse o presidente da câmara.
Na intervenção, o autarca lembrou que a construção desta barragem permitiria “duplicar a capacidade útil de regularização do Mondego e armazenamento de água, passando dos actuais 365 hectómetros cúbicos para 889”.
“Esta barragem foi objeto de uma adjudicação provisória em 2008; em 2010 foi aprovada a declaração de impacto ambiental; em 2014 foi feito o processo de aquisição e expropriação de terrenos, em 2015 teve início a empreitada, com a construção dos acessos, e em 2016 a obra foi suspensa pelo Governo da geringonça por razões meramente políticas, prejudicando gravemente Coimbra”, frisou.
José Manuel Silva defendeu ainda a criação de uma entidade de gestão do aproveitamento hidroagrícola do Baixo Mondego e o redimensionamento “das estruturas existentes à realidade actual dos 12.000 hectares altamente produtivos e totalmente utilizados desta fértil zona agrícola”.
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