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Conselho de Energia Atómica insta Rússia a abandonar central nuclear de Zaporijia
O Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) adotou hoje uma resolução em que pede à Rússia a retirada das suas forças da central nuclear ucraniana de Zaporijia, que tem sido palco regular de confrontos.
As forças de Moscovo assumiram o controlo da central nuclear em 04 de março, logo após o início da invasão russa da Ucrânia.
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O texto, apresentado pela Polónia e Canadá, foi aprovado por 26 dos 35 estados que fazem parte deste conselho, com a Rússia e a China a votarem contra, referiu um diplomata à agência France-Presse (AFP).
Sete países também se abstiveram: África do Sul, Burundi, Egito, Índia, Paquistão, Senegal e Vietname.
“O Conselho de Governadores enviou uma forte mensagem à Rússia, instando-a a cessar imediatamente todas as ações que ameacem a segurança nuclear, a devolver a central de Zaporijia e todos os outros territórios ucranianos a Kiev”, referiu, através da rede social Twitter, o embaixador australiano Richard Sadleir.
A resolução também apoia os esforços da AIEA, que iniciou consultas com a Ucrânia e a Rússia para estabelecer uma zona de segurança dentro do perímetro da central.
O Conselho de Governadores tinha adotado uma primeira resolução no início de março, alertando contra “o risco de um acidente nuclear que colocaria em perigo a população da Ucrânia, os estados vizinhos e a comunidade internacional”.
Localizada no sul da Ucrânia, a central de Zaporijia, a maior da Europa, foi bombardeada várias vezes nas últimas semanas, com Moscovo e Kiev a acusarem-se mutuamente sobre a responsabilidade destes ataques.
Após uma série de incidentes e o encerramento dos seis reatores, a situação melhorou nos últimos dias, com os engenheiros ucranianos a restaurarem três linhas de energia de emergência, que haviam sido danificadas, segundo a AIEA, que tem dois especialistas no local.
Na segunda-feira, a AIEA referiu haver sinais positivos para a definição de uma zona de segurança.
“Estamos a discutir as diversas características técnicas”, como o perímetro dessa zona ou o trabalho dos dois especialistas da AIEA que se encontram no local, indicou o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi.
“E aquilo que observo é que as duas partes estão a cooperar connosco e a fazer perguntas, muitas perguntas”, prosseguiu Grossi.
Num relatório divulgado na semana passada, pouco depois de uma missão de avaliação ao estado das instalações de Zaporijia, a AIEA defendeu que fosse criada uma zona de proteção do local, para impedir uma catástrofe nuclear como a ocorrida na central de Chernobyl, em abril de 1986.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,2 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.827 civis mortos e 8.421 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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