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Conimbricense Manuel Pureza realiza a novela que brinca com as novelas
O realizador Manuel Pureza, nascido em Coimbra em 1984, apresenta aos 37 anos de idade o seu mais recente projeto “Pôr do Sol”. Um projeto inesperado, repleto de humor que se revelou um sucesso de audiências. O Notícias de Coimbra esteve à conversa com o realizador que nos falou sobre esta mininovela exibida na RTP1.
Pôr do Sol é o novo projeto da RTP1, esta mininovela de verão é realizada por Manuel Pureza e produzida pela Coyote Vadio. O projeto nasceu do trabalho desenvolvido por Manuel Pureza, Rui Melo e Henrique Dias que se desafiaram a pensar em algo que os divertisse, divertisse o público e que fosse infalível no que toca ao humor, conta o realizador ao Notícias de Coimbra.
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Os três tinham estado a trabalhar na série “Desliga a Televisão” da RTP e em dezembro do ano passado juntaram-se para trabalhar neste projeto. Manuel Pureza, Rui Melo e Henrique Dias realizaram um falso trailer que apresentaram à RTP. “De repente estávamos a produzir esta mininovela de 16 episódios”, revela.
Pôr do Sol é composta por um dos melhores elencos do momento, entende Manuel Pureza. A série conta com atores como Diogo Amaral, Gabriela Barros e Marco Delgado.
Manuel Pureza salienta que “o Pôr do-ol não é para fazer pouco das novelas, porque eu tenho um grande respeito pelo género”. É uma mininovela que foge ao tradicional e que substitui uma trama pesada por uma história com humor mas igualmente levada a sério pela produção e pelos atores.
O género novela é muitas vezes tido como esgotado, mas o realizador assume que não está esgotado, e afirma que se faz muito boas novelas em Portugal.
Mas por fugir a uma novela tradicional, o entendimento do público quanto ao humor desta mininovela poderia causar alguma estranheza. O realizador assume que não, “mesmo que o público não entenda as piadas consegue entender a história”, nesta novela que é composta por piadas imprevisíveis mas fáceis de compreender.
Questionado sobre se esta produção com um conteúdo de humor pretende colmatar em parte os tempos mais sérios que se vivem, Manuel Pureza entende que não existe uma relação direta entre os tempos atuais e este projeto humorístico.
“É verdade que o mundo está confuso, que não há nada de engraçado na pandemia de covid-19, no que se vive no Afeganistão, mas estamos a dobrar a realidade para outra coisa. O humor é um aliado de braço dado com a existência”.
Sobre o ambiente que se vive no platô, Manuel Pureza dá conta que os atores sentem um nervosismo de quem pretende fazer um projeto bem feito. E o resultado do Pôr do Sol é reflexo da exigência dos atores bem como de toda a produção de fazer este projeto com excelência. “O Pôr do Sol é um projeto que permite uma outra maneira de olhar para as novelas e para os atores”.
“O grande desafio de Pôr do Sol é dizer as maiores barbaridades com o tom certo e com a maior intensidade”, afirma.
Esta mininovela ganhou um alcance inesperado nas redes sociais. Desde trechos da novela, “memes” ou citações, é fácil encontrar uma referência ao Pôr do Sol pela internet.
Manuel Pureza revela que esta foi uma surpresa para a produção. “Não esperava um alcance tão grande nas redes sociais. Os atores portugueses são sempre muito acarinhados pelo público, isso é visível até quando andam na rua e os reconhecem e cumprimentam”, e esse alcance está a ser expandido pelas redes sociais por um público multigeracional.
Entende que o trecho musical da mininovela também tem ajudado a esse impacto positivo entre o público. “O boom do Pôr do Sol também está a ser muito impulsionado pela música do Toy e pela própria banda da novela, os Jesus Quisto. Temos inclusivamente recebido vídeos de pessoas a cantar a música do genérico”.
Esta novela está a ser um sucesso de audiências, e enquanto produtor Manuel Pureza assume a eficácia da RTP na estratégia do prime time. “Sabendo que à partida não conseguia competir com as novelas de horário nobre da TVI e da SIC, a RTP optou por colocar o Pôr-do-Sol a começar meia hora mais cedo o que as novelas destes canais”.
Manuel Pureza entende que esta mininovela é comparável a qualquer drama e que compete com as novelas do horário nobre da TVI e da SIC.
A aposta da RTP com este projeto foi garantia de sucesso. O realizador conta ao Notícias de Coimbra que há publicações nas redes sociais a afirmar que “o Pôr do Sol é a RTP a fazer serviço público”, e que este apoio da RTP e liberdade que deram a este projeto foi importante para a produção do mesmo.
Contrariamente ao que se espera de uma novela, o público do Pôr do Sol é bastante diversificado. Manuel Pureza assume que este é “um público que compõe uma mescla interessante”.
“Temos desde o espectador mais velho que não gosta de ver novelas, ao público que gosta de ver novelas mas que já está cansado das novelas sempre com a mesma história, até aos jovens que não vêm novelas mas que por ser um conteúdo diferenciador dentro do género acompanham o projeto”.
As audiências desta mininovela estão em crescimento, e já se pensa numa segunda temporada. Essa é a vontade do público mas é também uma vontade da produção.
O realizador frisa que ideias não faltam para continuar o projeto, para uma segunda temporada. “Há muita vontade mesmo que isso aconteça, é um desejo que nós temos”.
A existir uma segunda temporada, ela irá incluir novos atores. Manuel Pureza confessa que tem recebido mensagens de atores a dizer que queriam ter feito parte desta mininovela, que este é um projeto que todo o ator desejou um dia fazer.
O profissional deixa uma garantia, enquanto não se desenvolve a segunda temporada, ainda muito está para ser visto nesta primeira série de 16 episódios, e o público ainda pode aguardar muita emoção.
Manuel Pureza deixou Coimbra aos 17 anos de idade, para seguir os seus estudos em cinema. Filho de José Manuel Pureza, o deputado do Bloco de Esquerda tem-se mostrado orgulhoso deste novo projeto do seu filho. Nas redes sociais são várias as partilhas que o deputado faz da novela com o humor característico de Pôr do Sol.
O realizador não descarta a possibilidade de um dia vir a desenvolver um projeto na cidade. Assume que essa não é uma prioridade e que não faz parte dos seus planos para um futuro próximo. Ainda assim entende que a ficção nacional tem tido um papel importante na descentralização da capital, com projetos de ficção em diversas cidades pelo país.
Contudo as visitas à cidade natal mantêm-se. Deixou Coimbra ainda jovem para seguir os estudos em cinema, mas regressa frequentemente para visitar os pais e pela sua Académica, clube do qual é sócio bem como o seu filho.
Manuel Pureza já realizou A Bruxa de Arroios (2012), Linhas de Sangue (2018), Teorias da Conspiração (2019), Desliga a TV (2019) e Até que a Vida nos Separe (2021).
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