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Conheça os dois escolhidos para disputar a sucessão de Boris Johnson
Na reta final da corrida à liderança dos conservadores britânicos estão Rishi Sunak e Liz Truss, duas figuras semelhantes no perfil, que procuram descolar da imagem do Governo de Boris Johnson e recuperar a credibilidade do seu partido.
Depois da votação partidária de hoje que deixou como finalistas Sunak e Truss, os cerca de 180.000 membros do partido têm até 05 de setembro para tomar uma decisão sobre quem sucederá a Boris Johnson na liderança conservadora, numa solução política que permite ao partido manter-se no poder no Reino Unido.
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Até há alguns meses, o antigo ministro das Finanças britânico Rishi Sunak era visto como o herdeiro natural de Boris Johnson, que elogiava a sua lealdade e as suas competências governativas.
Mas Sunak tornou-se uma das vozes mais críticas do primeiro-ministro, quando este se viu envolvido numa longa série de escândalos, tornando-se assim um pretendente ao cargo não pela sucessão natural, mas pelo confronto com o passado recente da liderança conservadora.
Nesta reta final da corrida à liderança do Partido Conservador, Sunak terá de conseguir superar Liz Truss, de 46 anos, a atual chefe da diplomacia britânica, a quem muitos chamam a nova “Dama de Ferro” – uma designação atribuída à antiga primeira-ministra Margaret Thatcher, pela forma firme como desempenhou os seus cargos.
Num debate televisivo esta semana, Truss apareceu com uma blusa com laços, enigmaticamente semelhante a uma que Thatcher costumava utilizar, fortalecendo a popularidade que ganhou junto dos militantes que reverenciam a antiga e falecida primeira-ministra.
Como secretária das Relações Exteriores, Truss tem liderado a estratégia de apoio do Reino Unido à Ucrânia e às sanções ocidentais contra a Rússia, devido à invasão russa de 24 de fevereiro, tendo sido também uma das figuras com mais destaque na disputa de Londres com Bruxelas sobre os acordos comerciais pós-‘Brexit’, assim mostrando o seu lado eurocético.
Em qualquer uma destas tarefas, Truss mostrou uma abordagem combativa, que tem sido muito elogiada sobretudo pela fação mais à direita do Partido Conservador, sobretudo quando começou a descolar das posições de Boris Johnson.
Rishi Sunak também nunca escondeu os elogios a Thatcher e, apesar de ser um defensor de baixos impostos, foi defensor de fortes apoios às famílias durante a pandemia de covid-19, e muitos militantes do seu partido consideram que a sua origem familiar asiática pode ser um trunfo importante num país com uma forte presença de imigrantes.
Aos 42 anos, se vier a ser eleito líder do Partido Conservador e se chegar ao atual cargo de Johnson, Rishi Sunak será o mais jovem primeiro-ministro britânico em mais de 200 anos e o primeiro líder sul-asiático do país.
Nascido em Southampton, no sul de Inglaterra, Sunak é filho de pais indianos que nasceram na África Oriental e o criaram no interior de uma família de classe média, que fez um relevante esforço financeiro para lhe dar uma educação em colégios de prestígio.
Sunak estudou filosofia, política e economia na Universidade de Oxford, tendo feito mais tarde um MBA na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, de onde partiu para o banco de investimentos Goldman Sachs, como gestor de fundos.
Nascida em Oxford, Truss também cresceu numa família de classe média, e partilha um início de carreira académica com o seu rival, tendo também estudado filosofia, política e economia na mesma universidade.
Politicamente, Truss chegou a ingressar as fileiras dos liberais democratas e, numa fase da sua vida, defendeu a abolição da monarquia.
Profissionalmente, a atual chefe da diplomacia britânica trabalhou como economista na gigante energética Shell e, mais tarde, numa empresa de telecomunicações, ao mesmo tempo que desempenhava tarefas num ‘think tank’ de direita, onde se foi envolvendo progressivamente no Partido Conservador.
No referendo do ‘Brexit’, em 2016, Truss esteve do lado da permanência do Reino Unido na União Europeia, embora essa posição não a tenha atrapalhado politicamente quando, pouco depois, integrou o Governo de Johnson, veemente defensor do ‘Brexit’, como secretária de Comércio e, mais tarde, no cargo que ainda ocupa.
Sunak apresenta-se com uma campanha muito profissional e com ideias arrojadas no plano fiscal, criticando os cortes de impostos de Boris Johnson e apontando o controlo da inflação como sua principal prioridade.
Contudo, vários analistas defendem que o maior desafio de Truss e de Sunak é ser capaz de recuperar o prestígio do partido, depois dos escândalos que abalaram a confiança nos conservadores e na estratégia de governação do atual primeiro-ministro, a quem ambos estiveram proximamente ligados.
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