Política

Congresso em Coimbra: Entre professores, estudantes ou arquitetos, o Livre quer ser mais do que “um rosto”

Notícias de Coimbra com Lusa | 3 anos atrás em 06-03-2022

Entre os membros do Livre encontram-se professores, estudantes ou arquitetos, que anseiam ver o partido crescer nos próximos quatro anos e que querem ser mais do que apenas “um rosto” que não se esgota no dirigente Rui Tavares.

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A sala Mondego, junto ao claustro interior do Convento de São Francisco, em Coimbra, é este ano palco do XII Congresso do Livre, que conta com 290 membros inscritos (175 presencialmente e 115 à distância).

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Com o verde e o vermelho como cores predominantes na sala, as papoilas, símbolo do partido, são pano de fundo no palco onde se senta a mesa da Assembleia e para onde vão subindo os dirigentes até ao púlpito.

Esta é uma reunião magna bastante diferente da do último congresso eletivo do Livre: em janeiro de 2020, poucos meses depois de ter eleito pela primeira vez uma deputada para a Assembleia da República, Joacine Katar Moreia, o partido juntava-se no Centro Cívico Edmundo Pedro, em Lisboa, numa sala bem mais pequena.

Também o ambiente era muito mais tenso, com o debate em torno da retirada de confiança política na única deputada eleita para o parlamento, que chegou a acusar os membros do congresso de mentiras.

Depois da eleição de Rui Tavares para o parlamento em janeiro, que marca o regresso do partido à Assembleia da República, o ambiente do XII Congresso é visivelmente mais calmo, mas do púlpito também se têm ouvido críticas, nomeadamente ao funcionamento dos órgãos internos, num ano em que pela primeira vez existem duas listas candidatas ao Grupo de Contacto (direção) e ao Conselho de Jurisdição.

“É muito bom termos eleito o camarada Rui Tavares, mas o Livre justamente não se esgota no Rui Tavares”, disse à Lusa José Araújo, 62 anos, professor e membro do partido desde 2017.

O candidato pela lista ‘B’ à direção do partido acredita que a chave para o crescimento do Livre nos próximos quatro anos reside numa diversidade de vozes e numa política colaborativa, “que nasce das bases, das necessidades das populações e vai até à Assembleia”.

“Precisamos de um Livre de vários rostos e não um partido de um rosto, por muito mérito que tenha e por muito reconhecimento que nós lhe devamos”, frisou.

Também no primeiro dia de congresso, o dirigente Ricardo Sá Fernandes tinha caracterizado como positivo o facto de existirem duas listas candidatas aos órgãos internos pela primeira vez e apelou à pluralidade de caras e vozes.

“O Rui Tavares foi fundamental para ajudar o partido a crescer. Mas hoje temos também de crescer com outras caras, com outras pessoas, dando oportunidade a todos no partido para efetivamente demonstrarmos a diversidade que o partido é e, por isso, se tenho alguma coisa a saudar particularmente na vida do partido e neste congresso é à Lista ‘B’, muito obrigado”, declarou.

À entrada da sala, Ana Bernardes, 24 anos, toma conta de uma pequena banca onde se vende ‘merchandising’ do partido: camisolas que dizem “O Futuro é Livre”, sacos de pano com papoilas, canetas feitas de bambu e plástico reciclado, máscaras comunitárias personalizadas ou até crachás.

“O Livre já passou por muito e mesmo assim continuamos a voltar, portanto, isso só significa que as pessoas acreditam em nós e querem continuar a ver-nos”, disse à Lusa a jovem, que se mostrou confiante no crescimento do partido.

Ana Natário, 40 anos, arquiteta, entrou no Livre em 2017 e também vê como um bom sinal o facto de existirem duas listas candidatas à direção, considerando que “a diversidade faz parte da democracia”.

“Ainda somos um partido pequeno, não tanto na representação de votos, mas na capacidade de trabalho, todas as vozes são precisas, precisamos de todos para crescer e é isso que temos de saber aproveitar, o melhor de cada um e pô-lo ao serviço da sociedade e da Europa”, acrescentou.

De acordo com dados disponibilizados à Lusa pelo partido, o Livre tem atualmente 1.007 membros e apoiantes, sendo 60% homens e 40% mulheres.

Ao nível de faixas etárias, 24,4% dos membros está entre os 18 e 30 anos, 63,8% entre os 31 e 60 anos e 11,8% com mais de 61 anos.

Desde o último congresso eletivo, em 2020, o partido contou com cerca de 400 inscrições e 69 desvinculações.

Alberto Bettencourt, 51 anos, consultor ambiental, disse ter encontrado no Livre “um espaço” para o qual pode contribuir, considerando que o partido “aproveita as valências das pessoas” e traz novas ideias que devem ser canalizadas das bases para a Assembleia da República nos próximos quatro anos.

A candidata ‘número 2’ pelo círculo do Porto nas legislativas de 2022, Rita Ferreira, 21 anos, também acredita no crescimento do partido nos próximos quatro anos e considera que o partido “ouve os jovens”.

Ao seu lado, Nuno Arada, 23 anos, defende que o crescimento futuro tem de ser “sustentado e sustentável” e que os próximos quatro anos vão ser uma responsabilidade, não apenas para Rui Tavares, mas também para “as pessoas que constituem o partido no dia a dia”.

O XII Congresso do Livre termina hoje, em Coimbra, com a eleição dos órgãos nacionais para os próximos dois anos a partir de duas listas candidatas à direção, pela primeira vez na história do partido.

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