Um erro no transporte hospitalar levou José, de 88 anos, recentemente viúvo e com problemas de saúde, a percorrer quase 100 quilómetros para o destino errado, depois de ter tido alta no Hospital de Viana do Castelo.
A situação, que a família classifica como “evitável e lamentável”, só foi conhecida no dia seguinte. O incidente ocorreu na passada segunda-feira. José reside em Vila Praia de Âncora, no concelho de Caminha, a cerca de 20 minutos do hospital. No entanto, acabou por ser levado para Parada do Monte, em Melgaço, a mais de 90 quilómetros de distância, após um erro na identificação do doente. O destino certo era o de outro utente, com o mesmo primeiro nome.
Segundo conta a neta do idoso, José esteve internado por complicações relacionadas com a diabetes. No dia da alta, as filhas dirigiram-se ao hospital para o levar para casa, mas foram informadas de que o transporte teria de ser feito obrigatoriamente por ambulância, alegadamente por razões de segurança. Ainda assim, permaneceram na unidade de saúde até às 17:30, na esperança de acompanhar o processo.
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O que se seguiu foi uma longa espera e sucessivas tentativas falhadas de contactar o hospital. Só depois das 21:30 obtiveram alguma resposta. Pouco tempo depois, receberam uma chamada da Cruz Vermelha, a informar que não conseguiam localizar a morada. Quando finalmente José chegou a casa, pelas 22:30, vinha desorientado e visivelmente cansado.
“Fez uma viagem de três horas, quando podia ter estado em casa em apenas vinte minutos”, lamenta a neta ao Correio da Manhã. “Teve alta às 14:00, mas só foi colocado numa ambulância por volta das 19:30. Estava exausto, desorientado e ninguém nos soube dizer nada durante horas.”
A família critica duramente a forma como tudo foi gerido, desde a ausência de contacto por parte do hospital até à recusa de permitir que as filhas o transportassem. “O que aconteceu é incompreensível. O hospital nem sequer atendeu os nossos telefonemas. Só queremos um pedido de desculpas e que isto nunca mais se repita com ninguém”, sublinha a neta.
Contactada por aquele jornal, a Unidade Local de Saúde do Alto Minho reconheceu a falha, explicando que a guia de transporte incluía uma informação desatualizada sobre a localização do doente no hospital e que não foi feita a confirmação da identidade no momento do transporte. A instituição garantiu que irá reforçar os seus procedimentos internos para evitar que erros semelhantes se repitam.
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