Cinema

Confinamento e edição ‘online’ dão “sabor agridoce” a participação no Festival de Berlim

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 02-03-2021

A designer de som Inês Adriana, que participa pela primeira vez no Festival Internacional de Cinema de Berlim, no “Talents”, admite o sabor “agridoce” deste programa, que se realiza ‘online’ por causa da pandemia de covid-19.

“Sempre quis participar no festival e nunca tive oportunidade, nunca tive nenhum projeto em que trabalhasse que fosse selecionado, por isso fiquei muito entusiasmada. É um pouco agridoce o facto de este ano ser um programa adaptado ao ‘online’. Quando me candidatei nunca pensei que ainda existissem estas limitações”, disse à agência Lusa.

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Inês Adriana está a viver em Londres desde 2017, depois de ter recebido uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para estudar na National Film and Television School (NFTS), onde se graduou em 2019.

“A longo prazo quero muito ir para Portugal e trabalhar em projetos portugueses, porque me identifico mais com a forma de pensar sobre cinema e tenho relações profissionais e pessoais muito próximas com Portugal. Sempre que vou a Lisboa fico com ânsia de voltar”, sublinhou, acrescentando, no entanto, que, para os próximos tempos, voltar não faz parte dos planos.

“Não penso voltar assim tão cedo porque, desde que me graduei, as coisas evoluíram muito rapidamente e, de uma forma muito positiva, algo que, infelizmente, não teria acontecido se eu tivesse ficado em Portugal. As coisas ainda estão a evoluir constantemente, portanto não tenho um prazo limite para a minha estadia aqui em Londres”, referiu.

A designer de som que já trabalhou em filmes como “Good thanks, you?” e “Solas Plexus”, exibidos no Festival de Cannes, também colabora com projetos portugueses, algo que quer continuar a fazer.

“Esta nova geração está a fazer coisas incríveis, e a paixão que existe pelo cinema e pelo que é fazer cinema é muito comovente. Há pessoas como a Leonor Teles, o David Pinheiro Vicente, o Duarte Coimbra, o Pedro Cabeleira, e pessoas dessa geração que acreditam mesmo que é possível fazer cinema e que têm uma voz nova para dar ao cinema. Eles acreditarem nisso, estão a abrir novas portas”, destacou.

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Ainda assim, Inês Adriana lamenta que muitos jovens se sintam “desmotivados” face à falta de oportunidades depois da licenciatura ou mestrado.

“Sinceramente, considero que muitos jovens sentem necessidade de emigrar por causa disso. Tenho a certeza de que o meu percurso não teria sido possível se eu tivesse ficado em Portugal”, avançou.

Para o programa “Berlinale Talents” traz a curta-metragem “Bulldozer” (da realizadora Stella Scott), financiada pelo British Film Institute (BFI), na qual está a trabalhar, sobre a demolição de bairros sociais em Londres para a construção de empreendimentos de luxo. Outros dos objetivos é ter algum tempo de reflexão.

“É um programa que me permite conhecer, não só pessoas novas, e ouvir outras perspetivas sobre trabalhar na indústria do cinema e novas vozes, mas também tirar tempo para mim, para refletir sobre o meu próprio trabalho e sobre a forma como interajo com as outras pessoas”, salientou.

Neste 19.ª “Berlinale Talents”, um programa de formação, conversas e encontros, participam 205 profissionais de 65 países. Além de Inês Adriana, a secção integra ainda os realizadores David Pinheiro Vicente e Paulo Carneiro.

A eles juntam-se a realizadora canadiana Joelle Walinga e a produtora brasileira Janaina Bernardes, que trabalham com Portugal.

A 71.ª edição do festival decorrerá em dois momentos, numa tentativa de adaptação à situação global da covid-19: entre 01 e 05 de março acontecerá um evento da indústria, em formato ‘online’, para profissionais do setor, júris e imprensa especializada, e entre 09 e 20 de junho a programação será para o público.

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