Penelense que atropelou 5 peregrinos em Coimbra julgado em setembro
O condutor que atropelou mortalmente cinco peregrinos em Coimbra, em 2015, vai começar a ser julgado a 12 de setembro, estando acusado de cinco crimes de homicídio por negligência e quatro crimes de ofensa à integridade física por negligência.
O julgamento vai decorrer mais de dois anos depois do acidente, que provocou a morte de cinco peregrinos e que deixou outros quatro feridos, quando um jovem condutor de um automóvel se despistou à saída de uma curva no Itinerário Complementar (IC) 2, na localidade de Cernache, em Coimbra, invadindo a faixa onde seguiam a pé cerca de 80 pessoas, em direção a Fátima.
No processo, estão constituídos mais de dez assistentes, familiares das vítimas.
O condutor de 26 anos é também acusado pelo Ministério Público da prática de um crime de condução perigosa de veículo automóvel, incorrendo ainda na pena acessória de proibição de condução de veículos automóveis.
O acidente ocorreu por volta das 03:45, a 02 de maio de 2015, um sábado. As cinco vítimas mortais, com idades entre os 17 e os 67 anos, eram provenientes de Mortágua, distrito de Viseu.
O jovem condutor, residente em Penela, concelho do distrito de Coimbra, atuou “de forma leviana, imprudente e desatenta”, frisa o Ministério Público (MP) na acusação, a que a agência Lusa teve acesso.
O MP sublinha que a recolha de amostra de sangue feita ao condutor duas horas depois do acidente revelou uma taxa de alcoolemia de 0,9 gramas/litro de sangue (g/L) e a presença de substâncias psicotrópicas (droga), recordando que em 2013 o jovem já tinha sido interveniente num acidente em que conduzia com uma taxa de alcoolemia de 1,14 g/L.
O despacho, que reconstitui todos os passos dados pelo arguido nessa noite até à hora do acidente, refere que o jovem, acompanhado de mais sete amigos, ingeriu bebidas alcoólicas num churrasco em Penela, no dia anterior à tarde, dirigindo-se depois para Coimbra, onde voltou a beber, “festejando” a ida de dois amigos para o Luxemburgo no dia seguinte.
De acordo com o MP, de volta para Penela e conduzindo no sentido norte-sul, o jovem fez uma condução “com acelerações e travagens bruscas, a uma velocidade desadequada, com buzinadelas e atitudes provocatórias” para peregrinos.
O jovem conduzia acima do máximo permitido (70 quilómetros por hora), num piso onde tinha chovido “recentemente”.
Face ao cansaço de “muitas horas sem dormir” e aos efeitos do álcool e de estupefacientes, o arguido acabou por “perder por completo” o controlo do carro ao descrever uma curva à esquerda, invadindo a faixa contrária e colhendo no despiste os peregrinos que seguiam na via reservada pela Infraestruturas de Portugal para os mesmos.
O veículo acabou por “colher com a lateral direita nove peões de um dos grupos de 80 que ali circulavam, lançando-os contra a barreira que ladeia a via”.
Quatro dos peregrinos que foram colhidos pelo veículo tiveram morte imediata no local do acidente, sendo que um quinto acabou por morrer nesse mesmo dia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).
De acordo com a acusação, um dos quatro feridos, uma mulher, “teve que ser submetida a entubação e ventilação mecânica invasiva”, situação que “ainda não se encontra estabilizada”.
Está previsto o julgamento começar a 12 de setembro, às 09:15.
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