Economia

Comissão Europeia agrava projeção da contração da economia em Portugal para 9,8%

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 07-07-2020
A Comissão Europeia agravou hoje as suas previsões económicas para Portugal este ano face aos choques da covid-19, estimando agora uma contração de 9,8% do PIB, muito acima da anterior projeção de 6,8% e da do Governo, de 6,9%.

Nas previsões intercalares de verão hoje divulgadas, o executivo comunitário reviu em baixa as projeções macroeconómicas, já sombrias, da primavera para o conjunto da zona euro e da UE, mas mostra-se particularmente mais pessimista relativamente a Portugal, ao agravar a projeção de recessão em três pontos percentuais, apenas parcialmente compensada em 2021 com um crescimento de 6,0% (neste caso ligeiramente mais otimista que os 5,8% antecipados na primavera).

O executivo comunitário espera então agora uma contração em Portugal acima da média da zona euro (-8,7%) e da UE (-8,3%), quando há dois meses estimava que ficasse abaixo, ao antecipar uma queda da economia portuguesa de 6,8%, contra 7,7% no espaço da moeda única e 7,6% no conjunto dos 27 Estados-membros.

“Com o confinamento a começar a diminuir em maio, a atividade económica está lentamente a retomar, mas para muitas empresas, tais como companhias aéreas e hotéis, é expectável que a mesma permaneça bem abaixo dos níveis registados antes da pandemia durante um longo período. O PIB deverá assim recuar 9,8% em 2020, antes de recuperar em torno dos 6% em 2021”, aponta a Comissão, que adverte ainda para riscos sobretudo para o lado negativo, “devido ao forte impacto do turismo estrangeiro”, setor “onde as incertezas no médio prazo permanecem significativas”.

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As previsões de hoje de Bruxelas estão todavia basicamente em linha com as mais recentes divulgadas pelo Banco de Portugal, que estima que a recessão atinja este ano os 9,5%, registando uma recuperação de 5,2% em 2020.

Bruxelas nota que “a atividade económica em Portugal inverteu-se acentuadamente em março, uma vez que a pandemia de covid-19 trouxe perturbações significativas, particularmente para a grande indústria hoteleira do país”, o que levou a que, no primeiro trimestre do ano, o PIB caísse 3,8% na comparação em cadeia e 2,3% em termos homólogos, apesar dos dados muito positivos nos primeiros dois meses do ano”.

A Comissão estima que, no segundo trimestre do ano, o desempenho económico se deteriore a um ritmo ainda muito mais acentuado, de cerca de 14% na comparação trimestral em cadeia, “refletindo contrações dramáticas na maior parte de indicadores económicos”.

“O turismo tem sido o setor mais dramaticamente afetado, com as visitas a colapsarem quase 100% em abril relativamente a um ano antes”, sublinha.

Por outro lado, o executivo comunitário aponta que “os efeitos da pandemia nos preços ao consumidor já são visíveis”, indicando que, durante o primeiro semestre de 2020, o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) caiu abaixo de zero, refletindo uma queda significativa nos preços da energia, o que mais do que compensa um aumento dos preços dos alimentos, esperando então Bruxelas que a inflação “se mantenha moderada em 2020 e aumente gradualmente em 2021”.

Como nota positiva, a Comissão sublinha que a taxa de desemprego permaneceu globalmente estável, entre os 6,2 e 6,3% em março e abril, uma vez que os despedimentos temporários não tiveram um impacto estatístico imediato e os regimes de trabalho a curto prazo implementados pelo Governo também ajudaram a compensar o choque.

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