Justiça

Comandante de bombeiros demite-se por problemas “graves e inaceitáveis”

António Alves | 33 minutos atrás em 10-02-2025

Imagem: Catarina Tomás Ferreira

O comandante dos Bombeiros Voluntários de Santa Comba Dão pediu a demissão devido à existência de problemas “graves e inaceitáveis”, mas a autarquia garantiu que existem “condições de executar todas as missões de proteção e socorro”.

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Numa carta enviada à corporação na passada sexta-feira, a que a agência Lusa teve acesso, Diogo Correia apresentou os motivos que o levaram a pedir a demissão, com efeitos imediatos, do cargo de comandante que ocupava há menos de três meses.

A existência de “veículos operacionais com inspeção periódica caducada há mais de um ano e que continuavam a prestar serviço operacional normalmente como se estivesse tudo legal” e a falta de efetivos e de equipamentos adequados foram alguns dos problemas que apontou.

Diogo Correia explicou que, além dos efetivos que “ao longo dos últimos anos foram saindo sem que nunca fosse questionado efetivamente o porquê de isso estar a acontecer”, dos que ficaram mais de metade “não tem formação válida” e, “nos últimos dois anos, nem avaliação teve, o que impede o normal acesso à progressão da carreira”.

Na carta são também referidos “problemas organizacionais que vão desde operacionais que pensavam que estavam no quadro de honra e afinal estavam no ativo, bombeiros penalizados disciplinarmente por faltarem ao serviço, ou por não cumprirem com o seu ciclo operacional (e bem!), enquanto outros, estando no ativo, nem escalados eram e continuavam a estar aptos para o serviço”.

Segundo Diogo Correia, a corporação tem também “homens e mulheres altamente desmotivados, sem equipamentos adequados, com equipamentos desgastados”, tendo sido mesmo necessário ele facultar o seu equipamento pessoal, “nomeadamente um par de botas, para que o elemento pudesse continuar a desempenhar a sua função de bombeiro em segurança”.

“Pedi inclusive botas emprestadas ao corpo de bombeiros vizinho para que um elemento da EIP (Equipa de Intervenção Permanente) pudesse ter segurança na sua intervenção”, contou.

Em comunicado hoje divulgado, o presidente da Câmara de Santa Comba Dão, no distrito de Viseu, e responsável máximo da Proteção Civil Municipal, Leonel Gouveia, garantiu que, “no que diz respeito às condições operacionais dos equipamentos, estes encontram-se em perfeito estado de prontidão”.

O autarca socialista tranquilizou os munícipes dizendo que “os Bombeiros Voluntários de Santa Comba Dão estão em perfeitas condições de executar todas as missões de proteção e socorro no sentido de proteger pessoas e bens”.

Na carta, Diogo Correia lamentou ainda que exista “uma população descrente nos seus bombeiros por não darem a resposta que necessita”, não só no que respeita a situações de emergências, mas também ao trabalho social e de resposta aos mais vulneráveis que considera que uma associação humanitária deve fazer, mas que “não estava a realizar”.

“Sempre que tentei interagir com a população ou com algumas instituições e empresas, o que mais ouvi é que tinha de ter um discurso de reconciliação, porque por um motivo ou outro as pessoas estavam descontentes e não se sentiam acarinhadas e acolhidas pelo seu corpo de bombeiros. Comecei a fazer esse trabalho e fui enxovalhado e humilhado por quem não o fazia”, contou.

Apesar dos seus esforços para que “tudo se começasse a endireitar, o que é certo é que interna e externamente continuam a colocar pedras num caminho que só por si é extremamente complicado, sendo humilhado diariamente na praça pública”, acrescentou.

Contactado pela Lusa, Diogo Correia escusou-se a prestar declarações, por considerar que, depois de se ter defendido dos insultos de que estava a ser alvo, o assunto para si está encerrado.

Já o presidente da direção dos Bombeiros Voluntários de Santa Comba Dão, Pedro Gonçalves, remeteu para mais tarde um comentário ao pedido de demissão de Diogo Correia e aos problemas por ele apontados.

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