Opinião
Coligação em 2015?
Num sistema democrático todos os partidos são importantes. Todos eles, concordemos ou não com as suas ideias, apresentam uma ideologia própria, um conjunto de valores, representado dessa forma uma percentagem, maior ou menor, da população.
É da natureza dos partidos políticos apresentarem as suas ideias e o seu programa a sufrágio, é para isso que eles existem. Partidos que nunca vão a votos e apenas servem para “amparos” de outros não têm razão de existir. Da mesma forma, um partido desprovido de qualquer capacidade de entendimento, de tal forma cristalizado que em circunstância alguma consegue colocar os superiores interesses do povo à frente da rigidez programática, presta um fraco serviço ao país. A existência de forças partidárias com equilíbrio entre estas duas situações nem sempre é fácil, mas é fundamental para a estabilidade democrática de qualquer nação.
Alguns partidos estão mais próximos ideologicamente, outros mais afastados, mas nem sempre a proximidade ideológica é sinonimo de capacidade de entendimento. Em Portugal, ao contrário de outros países europeus, os entendimentos não são fáceis. Se nos reportarmos apenas a partidos com assento parlamentar e a uma escala nacional, podemos concluir que apenas existem dois exemplos: a curta experiência de Bloco Central, no longínquo ano de 1983, onde PS e PSD se entenderam apenas por dois anos, e as várias coligações entre PSD e CDS, onde, com maior ou menor dificuldade, ambos os partidos conseguiram ir a votos juntos ou formar coligações pós-eleitorais.
A esquerda portuguesa tem sido incapaz de gerar entendimentos, mesmo em períodos de emergência nacional, ficando essa responsabilidade a cargo dos partidos de centro-direita. No presente, assistimos a um desses momentos, onde uma coligação PSD/CDS governa Portugal, mas o que nos trouxe a esta situação?
O desafio imposto pelo resgate a que fomos sujeitos implicou um gigantesco esforço por parte de todos. Esta situação foi-nos imposta após uma governação socialista que nos deixou próximos da bancarrota. Portugal, através do primeiro-ministro da época, o Eng.º José Sócrates, pediu ajuda externa, chamou a troika e com eles assinou um memorando de condições duríssimas para os portugueses.
Foi neste contexto que PSD e CDS, contrariando qualquer tentação populista, disseram presente. Assumiram os destinos de Portugal no pior cenário pós 25 de Abril, governaram limitados nas suas capacidades de decisão, praticamente em regime de protetorado estrangeiro, sabendo que ambos os partidos seriam profundamente afetados na sua popularidade. Mas Portugal esteve sempre em primeiro lugar e, graças a um enorme esforço por parte das famílias e das empresas, Portugal recuperou a credibilidade.
Este enorme esforço começa a dar resultado, apesar de cada sacrifício dos portugueses ter sido acompanhado por uma narrativa catastrofista por parte dos partidos da oposição. O PS, o mesmo que deixou Portugal nas mãos da troika, lançou todos os tipos de prognósticos apocalípticos. Mas o segundo resgaste não foi necessário, a espiral recessiva não se verificou, o défice deixou de ser 10% ao ano e as suas metas passaram a ser cumpridas, os passos da Grécia não foram seguidos, os juros da dívida atingiram mínimos históricos, o crescimento regressou, o desemprego começou a diminuir, o número de empresas criadas já supera o das extintas e as exportações, o turismo e a agricultura passaram a apresentar valores recordes.
Portugal está longe de estar bem, não está como os portugueses desejam, as dificuldades ainda são enormes, os sacrifícios tremendos, mas o caminho deixou de ser descendente, deixamos de estar em queda livre no buraco que nos deixaram, para iniciar o caminho da recuperação. Perante este cenário a questão que se coloca para o futuro é a seguinte: este esforço que os portugueses fizeram, tudo o que foi conseguido à custa de tanto sacrifício, deve ser deitado ao lixo ou há aqui um legado para defender em conjunto, para que desta vez, em condições não tão catastróficas, PSD e CDS continuem unidos como uma alternativa sólida ao modelo socialista que nos deixou falidos?
Não é fácil dois partidos tão diferentes encontrarem um caminho comum, mas nas próximas legislativas a escolha dos portugueses será apenas uma de três possíveis:
– O caminho da extrema-esquerda, da utopia grega, da demagogia e do populismo, que já se percebeu que falhou;
– O caminho socialista que nos levou à bancarrota e à subjugação à troika, que desapareceu da intenção de votos de tantos europeus por, em diferentes países, ter levado sempre ao mesmo resultado;
– O caminho que esta coligação fez em conjunto com os portugueses, um caminho de recuperação para longe do abismo onde estávamos, de valorização do sacrifício das famílias portuguesas, sempre a pensar nas gerações futuras e que, por isso mesmo, não pode permitir que as contas públicas voltem ao descontrolo que nos trouxe até aqui.
Na minha opinião, que não vincula o meu partido, é obrigação do CDS e do PSD dar esta última opção aos portugueses, permitir que a coligação possa agora ser sufragada da mesma forma que governou, os partidos juntos, por Portugal e pelos portugueses.
FERNANDO MARTINS ALVES
Vice-Presisdente da Distrital de Coimbra do CDP-PP
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