Cinema
Coimbra vai ver Música em Pó
Depois de ter registado o rock português dos últimos 50 anos, o realizador Eduardo Morais partiu à descoberta de quem coleciona discos de vinil e fez o documentário “Música em Pó”, a exibir no domingo em Lisboa.
O filme teve estreia no final de novembro no festival Barreiro Rocks e, desde então, tem sido exibido pelo país, em cerca de dez cidades – Aveiro, Guimarães, Barcelos, Viseu, Caldas da Rainha ou Évora – incluindo agora Lisboa, no domingo, no espaço Sagrada Família.
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“Música em pó” é o retrato de doze colecionadores portugueses e sobre a sua relação com os discos de vinil, raridades, preciosidades, escolhas afetivas ou documentos históricos.
“A intenção do ‘Música em Pó’ sempre foi documentar a paixão e as peculiaridades de cada colecionador. Nunca me interessou entregar medalhas e hierarquizar colecionadores pela quantidade”, afirmou o realizador à agência Lusa.
A questão do tempo está também bastante patente no documentário, explicou, “pois um dos maiores dilemas desta área é mesmo o futuro do formato”.
“Se conseguir que algum jovem veja o documentário e comece a comprar discos; ou que um coleccionador valorize de outra forma os discos que tem em casa, cumpri um dos meus objetivos”, disse.
Entre os colecionadores estão, por exemplo, o investigador José Moças, editor da Tradisom, Joaquim Paulo, autor de “Jazz Covers” (Taschen), o jornalista Rui Miguel Abreu, os músicos e produtores DJ Ride e Stereossauro, o investigador João Carlos Callixto e Heitor Vasconcelos, considerado o maior colecionador de discos de Amália Rodrigues.
São figuras distintas e coleções com milhares de vinis que atravessam vários géneros musicais, do hip hop, funk, rock ié-ié, pop, fado e música tradicional portuguesa.
“Música em pó”, que será ainda exibido em Coimbra, Setúbal e Santo Tirso, foi realizado e produzido de forma independente por Eduardo Morais com recurso ao “crowdfunding” – modelo de angariação de financiamento pela Internet, com doação de verbas por anónimos.
Eduardo Morais, formado em som e imagem na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, prepara agora um documentário sobre o radialista António Sérgio, que morreu em 2009, aos 59 anos.
A rodagem será só em março, sendo antecedida de nova campanha de “crowdfunding”, a iniciar a 14 de janeiro, dia do aniversário do radialista.
“Não cresci ao som do António Sérgio, pois sou muito novo para isso, mas é alguém que eu quero saber mais e não tenho praticamente nenhuma informação, portanto serei eu o intermédio para esta emergir”, afirmou Eduardo Morais.
“Música em pó” é o segundo documentário de Eduardo Morais e surge dois anos depois de “Meio metro de pedra”, sobre o rock’n’roll português desde o fim da década de 1950 até à atualidade.
Para Eduardo Morais, a escassez de informação sobre o rock português – em estudos, ensaios, biografias ou em filmes, por exemplo – serviu de motivação precisamente para avançar com os filmes que fez.
“Relativamente ao rock, é incrível como tudo o que foi tocado pré-Guerra Colonial esteja completamente escondido e não seja libertado”, lamentou.
Depois de ter sido exibido em mais de 40 cidades, “Meio metro de pedra” está disponível para visualização gratuita na internet em www.meiometrodepedra.com.
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