Coimbra
Coimbra precisará de “grande barragem” para controlar o volume de água do Mondego conclui estudo
Só uma “grande barragem” ou infraestrutura “superior a dez metros” pode controlar o volume de água do Rio Mondego em Coimbra conclui um estudo da da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), divulgado hoje pela Agência Lusa, que desenvolveu um modelo para selecionar “locais ótimos” de aproveitamento de águas pluviais e que pretende ajudar a melhorar a gestão e o planeamento hídrico em Portugal.
Com o foco centrado na mitigação de eventos extremos, foi desenvolvido um modelo de atenuação de inundação baseado em bacias de retenção sustentável em Portugal Continental, tendo sido assinaladas 23 zonas que implicavam risco de inundação alto e muito alto.
O trabalho foi desenvolvido pela investigadora Daniela Terêncio, no âmbito de uma tese de doutoramento da UTAD, em Vila Real. A investigadora salientou que, “através de cálculo, foi feita a retenção do volume de água, tendo as conclusões indicado que em 20 destas zonas seria possível controlar o volume de água com infraestruturas até 10 metros, mas em Coimbra, Santiago do Cacém e Ponte da Barca seria necessária uma infraestrutura superior (grande barragem) para fazer face a este risco”.
Esta escolha permitiu a seleção de “locais ótimos” longe de centros urbanos ou grandes áreas agrícolas, localizados em bacias hidrográficas de alta altitude.
“Os resultados obtidos destacaram a importância das características do local onde se pretende implementar o modelo. A melhor área para fazer o aproveitamento da água poderá depender do pretendido pelo utilizador, sendo que poderá escolher se pretende que o local de captação seja mais perto ou com uma parede do açude mais pequena ou até onde tenha a certeza que terá mais água disponível”, referiu Daniela Terêncio, responsável pela investigação.
O modelo foi também aplicado na bacia hidrográfica do rio Sabor, nomeadamente em 384 sub-bacias de captação de precipitação para irrigação de culturas e combate a incêndios florestais, onde foi explorado o equilíbrio entre sustentabilidade e capacidade de armazenamento de água da chuva.
“Foi claramente demonstrado que barragens com três metros de altura são capazes de apoiar a agricultura doméstica ou comunitária pequena, com áreas de irrigação menores que 10 hectares, ou auxiliar no combate a pequenos incêndios florestais”, salientou Daniela Terêncio.
Mas, acrescentou, projetos de irrigação mais rigorosos “exigem o armazenamento de água da chuva colhida em estruturas mais projetadas, ou seja, não sustentáveis”.
A academia transmontana explicou hoje, em comunicado, que o modelo, “baseado em simulações”, aguarda resultado de submissão de patente europeia e foi testado na bacia do rio Ave, numa área agrícola de 400 hectares.
Esta investigação foi realizada no âmbito do Projeto INTERACT (Integrative Research in Environment, Agro-Chains and Technology), foi orientada por Luís Filipe Fernandes, Fernando Pacheco e Rui Cortes, docentes e investigadores da UTAD, e já originou diversos artigos publicados em revistas científicas na área da hidrologia, recursos hídricos e ambiente.
Related Images:
PUBLICIDADE