Coimbra

Coimbra lembra Abril e despede-se do “Papa dos pobres”

Notícias de Coimbra | 4 horas atrás em 25-04-2025

A Câmara Municipal de Coimbra assinalou os 51 anos da Revolução dos Cravos com uma sessão solene repleta de simbolismo, reflexão e homenagem.

Num momento em que o país vive um dia de luto nacional pela morte do Papa Francisco, o presidente da Câmara destacou os ideais de Abril e os desafios contemporâneos que a democracia portuguesa enfrenta.

“O 25 de Abril, dia em que culminou o longo processo de luta pela conquista da democracia e da liberdade, foi, é e será sempre um dia que merece ser solenizado”, declarou José Manuel Silva, sublinhando ainda a importância da memória histórica:

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“Sobretudo para que não se perca a memória do 24 de Abril, que parece estar a cair perigosamente no esquecimento.”

Entre os seis grandes desafios apontados pelo presidente da autarquia para o futuro da democracia em Portugal, destacam-se a reforma da legislação autárquica, a defesa do ambiente, a igualdade e justiça social, o desenvolvimento sustentável, o combate à corrupção e a promoção ativa da paz.

A sessão foi também marcada por uma homenagem sentida ao Papa Francisco, a quem o autarca se referiu como “um líder espiritual reformador e profundamente comprometido com os valores de justiça, paz e inclusão”.

“Francisco foi o Papa dos pobres, desfavorecidos e deslocados, o Papa de ‘todos, todos, todos’, o Papa do Clima, da Terra e da Paz”, disse José Manuel Silva, lembrando a encíclica Laudato Si’ como um dos seus maiores legados.

O presidente da Assembleia Municipal, Luís Marinho, reforçou o caráter transformador de Abril: “Abril não é uma saudade. Abril é um compromisso entre Revolução e Reforma.”

E deixou um alerta sobre os tempos atuais: “Os ventos de Leste ou os tornados Atlânticos mudaram o clima do mundo, e penetram na fragilidade da nossa geografia social e política.”

João Malva, do grupo Cidadãos por Coimbra, falou sobre os perigos que ameaçam a democracia na era digital: “Os inimigos da democracia insinuam-se nas redes sociais tóxicas, vivem do medo e da mentira. Criam falsas verdades por repetirem muitas vezes as mesmas mentiras.”

E apelou ao reforço da participação cívica:

“É urgente aproximar os cidadãos da política do bem, envolver os cidadãos na cultura cívica e democrática.”

Lúcia Santos, do movimento Nós Cidadãos, destacou a necessidade de um pensamento crítico ativo: “A democracia precisa de cidadãos críticos, conscientes e informados. Porque sem pensamento crítico, a liberdade torna-se frágil.”

E refletiu sobre o desgaste do discurso político:

“O slogan tornou-se mais eficaz do que o argumento. A conveniência passou a valer mais do que a verdade. É tempo de resgatar Abril.”

Pinto Angelo, da CDU, defendeu o Poder Local como uma das conquistas mais valiosas da Revolução de Abril: “Presenciamos o ataque sistemático a uma das mais inovadoras formas de organização política resultantes da revolução: o Poder Local democrático.”

Carlos Figueiredo, do PSD, recordou os 50 anos da eleição da Assembleia Constituinte e a importância do debate democrático: “A democracia não se constrói com certezas absolutas, mas com debate. Não cresce com intransigência, mas com escuta e compromisso.”

E concluiu: “Mais do que lembrar o passado, é urgente aprender com ele. Porque só assim garantimos que a liberdade e a democracia continuam vivas para as gerações futuras.”

Já Ferreira da Silva, do Partido Socialista, deixou uma nota crítica sobre o presente e apelou à ação cívica: “O caminho atapetado de cravos, que fez Portugal abrir-se ao mundo, enfrenta hoje perigos colossais.”

E apontou a desilusão com promessas não cumpridas:”Passaram quatro anos e Coimbra está muito longe de ser a cidade mais vibrante de Portugal como nos foi prometido.”

Seguiu-se a 2.ª edição da Assembleia Municipal Jovem, iniciativa que promove o envolvimento cívico e político das gerações mais jovens.

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