Opinião
Coimbra do Mondego
DINO ALVES
Resistindo à tentação de me tornar comentador político sobre a triste cena nacional, tarefa que não me eleva nem motiva, fui desafiado a usar este espaço para pensar e reinventar Coimbra.
A cada artigo, pretendo dar destaque a algumas das propostas reunidas pela Plataforma “SÊ COIMBRA” (secoimbra.wordpress.com), projeto no qual estou pessoalmente envolvido, pretendendo lançar para o debate autárquico ideias e soluções criativas nas mais diversas áreas.
Dedico este primeiro texto à cidade do Mondego e à importância estratégica do rio à volta do qual cresceu Coimbra.
Nascido, segundo a lenda, da história de Esmeralda e Diego e das lágrimas de um amor perdido no alto da Estrela de Portugal, o Mondego disputa com a Cabra a honra de ser a Marca de Coimbra.
O recente reconhecimento da Universidade de Coimbra enquanto Património da Humanidade tornou imperativa e urgente a definição de um plano integrado que dinamize o rio do ponto de vista turístico, lúdico e desportivo, potenciando-o enquanto factor determinante para a qualidade de vida dos conimbricenses.
A recente aprovação pela Câmara Municipal do extenso Plano Estratégico Coimbra-Rio (ARU) foi um passo determinante para a valorização do Mondego, mas há ainda espaço para mais contributos. Quero, por isso, partilhar 5 ideias, algumas originais e outras já em estudo, a implementar a breve trecho a fim de aproximar o concelho e os seus cidadãos desta artéria vital do coração de Coimbra.
Parque Universitário do Mondego
A ideia do degradado Estádio Universitário enquanto conjunto de equipamentos desportivos fechados em si e deslocados da cidade é um conceito há muito abandonado por todas as grandes cidades do mundo.
A zona ribeirinha da margem esquerda merece uma profunda requalificação da Lapa dos Esteios à Mata do Choupal, mas esta proposta consiste na criação um Parque Desportivo Universitário entre as pontes de Sta. Clara e do Açude (implicando uma relocalização dos serviços dos SMTUC).
Este parque, que será atravessado junto ao rio pela Alameda do Mondego, contará com equipamentos desportivos renovados, mas também espaços públicos arborizados de livre acesso. O seu centro, no espaço que hoje é a Escola Silva Gaio, será ocupado pela Faculdade de Ciência do Desporto e Educação Física da UC e cujos atuais espaços de aula passarão para a responsabilidade das Secções Desportivas da Associação Académica de Coimbra. A gestão deste equipamento deverá ser da responsabilidade tripartida da Câmara Municipal de Coimbra, Universidade de Coimbra e Associação Académica de Coimbra, em igualdade de poderes, direitos e deveres.
Da Esquerda à Direita: Unir as Margens
Implicando a descativação da linha ferroviária Coimbra A – Coimbra B, a ideia consiste em unir a Praça da República ao Parque Universitário, na margem esquerda. Para isso, prevê-se a construção de uma artéria no seguimento da Rua Central de Coimbra (Av. Sá da Bandeira – Rua Olímpio Nicolau Rui Fernandes – Loja do Cidadão) que una a Rua Fernão Magalhães e a beira-rio, terminando numa segunda ponte pedonal nesse mesmo alinhamento.
Fonte Natural Aeminium – Concerto de Água e Luz
Recuperando uma ideia já algum tempo desenvolvida em Coimbra, trata-se de uma fonte de repuxos que se estenderá por alguns metros no rio Mondego e que servirá de palco a um Concerto de Água e Luz. Esta ideia tem como objectivo incentivar os nossos visitantes a pernoitarem em em Coimbra, e consiste num jogo sincronizado de água, luz e música ao vivo, compondo um espetáculo que decorrerá após o pôr-do-sol, uma vez por semana, junto ao Parque Verde.
Promoção de Desportos e Lazer no Rio
As condições de assoreamento excessivo do leito do rio dificultam o desenvolvimento de certas atividades desportivas e lúdicas, em especial junto à zona ribeirinha da cidade. O processo de desassoreamento do rio irá abrir novas oportunidades que devem ser aproveitadas de forma sustentável, devolvendo ao Mondego a circulação fluvial de pequenas embarcações e do histórico Basófias.
A Praia Fluvial de Coimbra é outro espaço que merece uma intervenção, designadamente a construção de um parque de estacionamento, o alargamento da zona de areal e a reposição de areias nas margens de modo a dar alguma comodidade aos seus utilizadores. Também aqui é importante haver uma intervenção em termos de desassoreamento uma vez que o caudal é já bastante reduzido para a crescente procura por parte dos cidadãos nos fins-de-semana de Verão.
Piscina Fluvial do Choupal
A inexistência de uma Piscina Pública ao ar livre de grande capacidade é uma lacuna que Coimbra tem de resolver. Proponho, pois, a criação de uma Piscina Natural Fluvial de qualidade, profundidade e grande dimensão, equipada com balneários, restauração e espaços de lazer, situada a jusante da cidade, na Mata do Choupal. Sem representar custos significativos de manutenção ou tratamento da água, este equipamento seria uma forma criativa de dar resposta à procura excessiva da Praia Fluvial e de, ao mesmo tempo, dar atividade e vida a este pulmão de Coimbra, por muitos esquecido.
Para que este projeto se concretize é fundamental que a Câmara Municipal consiga passar para a sua tutela a gestão da Mata do Choupal, um esforço necessário para que consigamos uma verdadeira requalificação dos seus espaços e acessos, como parte integrante do Parque Ribeirinho do Mondego.
Ideias como estas têm sido enviadas e partilhadas por dezenas de jovens através da Plataforma “Sê Coimbra”, num sinal claro de que os mais novos não estão divorciados da participação política. A colaboração neste projeto tem sido altamente gratificante e deixo o desafio a que mais contributos se juntem a esta já longa lista de excelentes ideias, por Coimbra.
DINO ALVES
Licenciado em Economia
Presidente da Comissão Política Concelhia da JSD Coimbra
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