Coimbra
Coimbra derreteu mais de 1,6 milhões na candidatura a Capital da Cultura
A Câmara Municipal de Coimbra (CMC) gastou mais de um milhão e 600 mil euros na elaboração da candidatura a Capital Europeia da Cultura 2027, projeto que, como o Notícias de Coimbra transmitiu em exclusivo, não passou à fase final.
A pedido do NDC, a CMC adiantou que os custos diretos da malograda candidatura foram de “1 638 001,31 euros, não estando contabilizadas as despesas indiretas, nomeadamente com pessoal”.
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Tendo em conta que o também perdedor Município de Leiria investiu cerca 250 mil euros, é fácil concluir que não foi por falta de dinheiro que Coimbra não continuou na corrida.
NDC também perguntou se o Grupo de Trabalho,da Candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura 2027, que fora nomeado por Manuel Machado, vai continuar a receber as avenças mensais e a autarquia respondeu que “Naturalmente, todos os serviços contratualizados (avenças e serviços afins) relativos à candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura 2027 terminaram com a exclusão de Coimbra da short list, não havendo espaço para qualquer renovação.”
Notícias de Coimbra constatou na base dos contratos públicos que “nas vésperas” da eliminação de Coimbra, Luís de Matos, Luís Filipe Meneses e Cristina Robalo Cordeiro renovaram por mais 365 dias, mas também viu que o acordo fica sem efeito “após a notificação da exclusão da candidatura”.
Esta comissão “multidisciplinar” liderada por Luís de Matos, integra Nuno Freitas, Manuel Rocha, Luís Filipe Menezes, António Pedro Pita e Cristina Robalo Cordeiro.
Luís Manuel Curcialeiro Godinho de Matos assinou 4 contratos com valor total de 251.000,00€. Os montantes dos coordenados são mais modestos: 65 850€ para Cordeiro, 65 850€ para Menezes, 47 000€ para Pita, 21 000€ para Freitas (só recebeu depois ser descartado por Rui Rio) e Manuel Rocha não cobrou nada.
As cidades de Ponta Delgada, Braga, Aveiro e Évora são as finalistas a Capital Europeia da Cultura em 2027.
Estas quatro cidades foram escolhidas entre 12 municípios que apresentaram uma candidatura e passaram para a fase final do processo de candidatura a Capital Europeia da Cultura em 2027.
Foram submetidas candidaturas por Aveiro, Braga, Coimbra, Évora, Faro, Funchal, Guarda, Leiria, Oeiras, Ponta Delgada, Viana do Castelo e Vila Real.
Na hora da derrota, o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, disse que, apesar de a cidade ter saído da corrida a Capital Europeia da Cultura 2027, o município vai continuar o trabalho feito com a candidatura.
Luís de Matos também defendeu que “o trabalho deve continuar para que não se perca o que se conseguiu”.
Recordamos que a apresentação do livro da candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura, com grande pompa e circunstância, teve pouco impacto mediático.
A candidatura, que tinha como lema “Correntes de Mudança”, dividia-se em cinco eixos: “A Invenção de um rio” (a centralidade do rio no desenho da cidade); “O cheiro do café” (o espírito do encontro, das ideias e da dialética); “Partículas elementares” (os vários patrimónios materiais e imateriais), “Intermitências da Luz” (artes, inovação e criatividade) e “Corpos em movimento” (projeção de Coimbra na Europa e no mundo).
Marisa Liz, Aurea, Pedro Abrunhosa, André Sardet e o grupo de fados conimbricense àCapella participam, em abril de 2021, na sessão de apresentação da candidatura.
A apresentação pública da equipa responsável pela candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura em 2027, foi no dia 5 de junho de 2018, na Sala Conventual, no Convento São Francisco, em Coimbra.
Nesse dia, o então presidente da Câmara de Coimbra, o socialista Manuel Machado, sublinhou que a candidatura liderada por Coimbra deve ter “uma dimensão agregadora regional, uma vez que um projeto alargado e sustentado desta natureza beneficiará todo o território da região e o país, ao mesmo tempo que, do ponto de vista externo, sairá valorizado pela ampliação da sua escala e pela junção dos inúmeros atrativos dos municípios vizinhos”.
Para a história fica a troca de galhardetes entre quem iniciou e quem encerrou a de Coimbra a Capital Europeia da Cultura
Ainda não se ouviu por parte desta Câmara nenhuma referência ao orçamento da candidatura e ao modo de o constituir, lamentou José Manuel Silva em 2018 (então na qualidade de vereador da oposição), antes de lembrar que Coimbra não tem obtido sucesso quando se candidata a capital de qualquer coisa.
Carina Gomes, então vereadora da Cultura, espondeu “que não pode ter lugar a critica fácil e desinformada, o bota-abaixismo, que, ciclicamente, pela mão de uns poucos, parece querer invadir, amesquinhando, todos os processos verdadeiros transformadores da nossa cidade”.
Em novembro de 2020, José Manuel Silva, ainda como opositor, denunciou a falta de “projeto de gestão” para Capital Europeia da Cultura 2027.
Em novembro de 2021, Carina Gomes, que passou da situação à oposição quando o PS perdeu a câmara “para a mega coligação de 7 partidos, disse que o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, está “agora do lado certo da história”, referindo-se “à submissão da candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura 2027, um processo que teve o seu início em junho de 2017.
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