Coimbra
Coimbra celebra aniversário da arte com espetáculo interativo
O Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC) vai celebrar o 1000062.º aniversário da arte, com uma programação que convida o público a interagir, através da performance “The Drummer is Present”, de Fernando Oliveira.
No espetáculo interativo, que irá decorrer na sexta-feira, entre as 18:00 e as 24:00, nas instalações do Círculo Sede, Fernando Oliveira vai tocar, durante seis horas, uma bateria, estando o público convidado a trazer um instrumento e a juntar-se à improvisação ou contribuir de outras formas criativas.
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“The Drummer is Present” evoca os trabalhos “The Artist is Present”, de Marina Abramović, e “A Lot of Sorrow”, de Ragnar Kjartansson, “duas figuras de gerações muito distintas, mas que são, curiosamente, amigas”, ambos tendo “uma relação muito particular com a ideia de performance”, disse hoje à agência Lusa o presidente da direção do CAPC, Carlos Antunes.
Na performance “The Artist is Present”, que foi apresentada pela primeira vez em 2010, no Museu de Arte Moderna, em Nova Iorque, Abramović sentou-se, durante 75 dias consecutivos, imóvel, numa cadeira.
“Vestida de vermelho, à espera de que o público se sentasse em frente a ela”, a artista mantinha “os olhos fechados e abria-os para receber cada pessoa”, confrontando-a com o olhar, contou Carlos Antunes.
Uma das pessoas que se colocaram à frente de Abramović, sem que a mesma estivesse à espera, foi um ex-companheiro, com o qual trabalhou durante décadas.
“É um momento muito bonito, onde a dimensão pessoal da artista, no confronto com a sua dimensão pública, se anula, porque, de facto, a pessoa que se senta em frente a ela é alguém da sua intimidade absoluta e com quem tinha um conflito latente já há algumas décadas e que, ali, de alguma maneira, se resolveu”, sublinhou.
Já Ragnar Kjartansson “artista com quem o Círculo tem tido uma relação muito forte”, é, “talvez, um dos ‘performers’ contemporâneos que usa a repetição de maneira mais contundente”.
Uma das atuações famosa do Ragnar, chamada “A Lot of Sorrow”, consiste precisamente em ter pedido à banda “The National” para que tocassem o seu tema “Sorrow” ininterruptamente, durante seis horas.
“É muito bonito perceber o quanto o exercício de tocar o mesmo tema de uma famosa banda pop durante seis horas traz tantas diferenças de interpretação, tensões evidentes por parte dos músicos, cansaço, esgotamento, o público que vai mudando, perdendo e ganhando energia, o Ragnar que vai entrando e alimentando os músicos”, evidenciou.
O espetáculo de Fernando Oliveira, uma espécie de ‘jam session’, “é obviamente a evidência entre uma performance e outra”, sustentou.
Na ocasião, “qualquer pessoa poderá usar qualquer som e interagir com o artista”.
A celebração do aniversário da arte remonta a 17 de janeiro de 1963, quando o artista Robert Filliou declarou este dia como o milionésimo aniversário da arte.
Na sua obra “L’histoire chuchotée de l’art”, Filliou imaginou a origem da arte num gesto simples: o momento em que alguém deixou cair uma esponja seca num balde de água, há 1.000.000 de anos.
Inspirado por esta ideia, Ernesto de Sousa trouxe a celebração para Portugal em 1974, organizando a primeira edição no CAPC.
“Portanto, isto é parte substancial da nossa história do Círculo de Artes Plásticas e é esta história que aqui se pretende celebrar todos os anos”, finalizou Carlos Antunes.
O espetáculo, que inclui comes e bebes, é de entrada livre.
FYBP // JEF
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