A Câmara Municipal (CM) de Coimbra vai analisar e votar, na sua reunião de 22 de abril, o início do processo de classificação das Salas de Cinema das Galerias Avenida como imóvel de interesse municipal, reconhecendo o seu valor cultural, histórico e social para a cidade.
O espaço em causa a ser classificado integra duas salas de cinema localizadas no Centro Comercial Avenida, na Avenida Sá da Bandeira: o Estúdio 1, no sétimo piso, e o Estúdio 2, no rés-do-chão, onde atualmente funciona a “Casa do Cinema de Coimbra”.
Segundo a informação técnica dos serviços da autarquia, a “preservação das salas e o alargamento da atividade potenciam um papel no desenvolvimento cultural, social e económico da cidade, razão pela qual se justifica a sua classificação como bens culturais de interesse municipal”. A proposta prevê, para o Estúdio 1, a instalação futura de mais salas de exibição, um espaço cowork, uma galeria, um espaço de formação e uma incubadora de cinema. São projetos promovidos pela associação Caminhos do Cinema Português, que o município considera fundamentais.
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A classificação municipal do espaço vem reforçar uma estratégia multinível coerente, onde as políticas municipais, regionais e nacionais, que se alinham para potenciar um setor com capacidade comprovada de gerar desenvolvimento sustentável e coesão territorial. “Tal representaria não apenas um reconhecimento do valor patrimonial destas salas, mas também um compromisso do município com o futuro da cultura cinematográfica na cidade e com o desenvolvimento de um setor económico inovador e com elevado potencial de crescimento”, pode ler-se na informação.
Recorde-se que a CM de Coimbra comprou as duas salas em maio de 2022, por 170 mil euros, com o objetivo de assegurar a continuidade da dinamização de atividades sócio-cinéfilo-culturais já existentes naquele edifício histórico, nomeadamente do Centro de Estudos Cinematográficos da AAC, da Caminhos do Cinema Português – Associação de Artes Cinematográficas e da Fila K Cineclube.
A proposta de classificação assenta em vários critérios: valor histórico e patrimonial, cultural e social, económico e de inovação, reconhecimento em instrumentos de planeamento regional, bem como relevância urbanística e de revitalização.
A este respeito, o documento refere que “as salas representam a continuidade de uma tradição cinematográfica centenária em Coimbra, remontando ao Teatro Circo Príncipe Real D. Luís Filipe, inaugurado em 1893, e sendo um dos primeiros recintos do país a receber o cinema como forma artística”. Sobre o valor cultural e social, sublinha-se que “a Casa do Cinema de Coimbra” tem desempenhado um papel fundamental na promoção da cultura cinematográfica, com ênfase no cinema português e europeu, contrariando a hegemonia do cinema norte-americano que domina 90% das salas comerciais”.
Quanto ao valor económico e de inovação, o documento apresentado refere que o “projeto insere-se, igualmente, no Eixo 3 do PEDU de Coimbra – “Reabilitar o edificado e qualificar o ambiente urbano”, que enfatiza que “a qualificação física da cidade é a base material sobre a qual todos os outros objetivos se podem alcançar” e destaca a importância de garantir “a modernização e reabilitação dos espaços de comércio e serviços e um espaço público de qualidade e inclusivo”.
O reconhecimento no planeamento regional é incontornável, dada a importância da Casa do Cinema de Coimbra e do trabalho desenvolvido pela Associação Caminhos do Cinema Português, que transcende o âmbito municipal, tendo sido reconhecido a nível regional, através da sua inclusão explícita no PROT Centro.
Por fim, sobre o valor Urbanístico e de Revitalização, é sublinhado que a manutenção destes espaços culturais na Avenida Sá da Bandeira contribui para a vitalidade do centro urbano, contrariando tendências de descentralização e desertificação dos centros históricos.
Recorde-se que uma 3ª sala, no Piso 0, a maior de todas, foi transformada em discoteca.
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