Saúde
Cinco blocos operatórios iniciam hoje paralisação de mais de um mês
Os enfermeiros de cinco blocos operatórios de hospitais públicos iniciam hoje uma greve de mais de um mês às cirurgias programadas, que pode adiar ou cancelar milhares de operações.
A greve cirúrgica, decretada pela Associação Sindical Portuguesa de Enfermeiros (ASPE) e pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor), irá abranger o Centro Hospitalar Universitário de S. João, o Centro Hospitalar Universitário do Porto, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e o Centro Hospitalar de Setúbal.
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A paralisação visa “parar toda a cirurgia programada, mantendo, naturalmente, assegurados os cuidados mínimos decretados pelo tribunal”, referem os sindicatos em comunicado.
Os enfermeiros reivindicam uma carreira transversal a todos os tipos de contratos e uma remuneração adequada às suas funções, tendo em conta “a penosidade inerente ao exercício da profissão”, segundo as estruturas sindicais.
A ideia da paralisação partiu inicialmente de um movimento de enfermeiros que recolheu já mais de 360 mil euros num fundo destinado a compensar os profissionais que ficarão sem salário.
O movimento de enfermeiros agendou para as 08:00 de hoje cinco manifestações junto aos centros hospitalares onde vai decorrer a paralisação, coincidindo com o arranque da greve.
Na terça-feira, os dois sindicatos que convocaram a paralisação decidiram manter o protesto nos cinco blocos operatórios, por falta de acordo com o Governo sobre a estrutura da carreira.
Numa nota à imprensa enviada antes do final da reunião negocial de terça-feira à tarde, o Ministério da Saúde invocou que na proposta apresentada aos sindicatos se destaca “a consolidação do enfermeiro especialista e o reconhecimento da importância da gestão operacional de equipas pelo enfermeiro coordenador”.
A tutela assume que a proposta de revisão da carreira especial de enfermagem “constitui a aproximação possível às reivindicações apresentadas” pelos sindicatos, “num contexto de sustentabilidade das contas públicas e equidade social”.
O secretário de Estado Adjunto e da Saúde disse na quarta-feira que o governo fez “um esforço muito significativo” para ir ao encontro das reivindicações dos enfermeiros e entende que a manutenção da greve vai atrasar o processo negocial e um possível acordo.
Em declarações à agência Lusa, Francisco Ramos, disse que a proposta apresentada aos sindicatos dos enfermeiros contempla as “principais reivindicações”, nomeadamente ao “consagrar a figura do enfermeiro especialista” e ao reconhecer as funções de gestão dos enfermeiros.
“O Governo fez um esforço muito significativo de ir ao encontro das principais reivindicações dos sindicatos de enfermagem, nomeadamente no que respeita à estrutura proposta de carreira e às regras de desenvolvimento profissional nela contempladas”, afirmou Francisco Ramos.
Os sindicatos continuam a reclamar que o Governo não consagrou a categoria de enfermeiro especialista, frisando que estabelecer a figura de especialista não é o mesmo que a consagrar na carreira.
O secretário de Estado diz que o Ministério da Saúde esperava, da parte dos sindicatos, “um sinal de que estão de facto interessados em chegar a um compromisso e a continuar sentados à mesa das negociações”:
“O Ministério da Saúde considera que a manutenção da greve é uma disrupção dessa vontade”, disse Francisco Ramos.
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