Cidadãos com deficiência intelectual recolhem escombros de casa ardida
Uma moradia de primeira habitação em Ponte de Mucela, na freguesia de São Martinho da Cortiça, Arganil, ardeu por completo no fim de semana de 15 e 16 de outubro. Nela vivia um casal, com dois filhos pequenos.
A Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Coimbra procedeu ontem, 24 de Fevereiro, à recolha e limpeza dos escombros que resultaram do fogo que assolou essa casa.
Durante um dia inteiro, cerca de 50 voluntários, entre eles utentes com deficiência mental, colaboradores e familiares da APPACDM de Coimbra, limparam o terreno e recolheram o que sobrou do incêndio: tijolos, telhas, metal, vidro e outros materiais. Apesar de ter sido um longo dia de trabalho, os voluntários mantiveram-se alegres, empenhados e esforçados.
Nuno Marques, proprietário da casa, visitou os voluntários para prestar o seu agradecimento à APPACDM de Coimbra. Contou que aquela casa era, para a sua família, “o seu cantinho de sonho”, o seu “paraíso”.
Tinham adquirido a casa há pouco tempo e era o concretizar de um sonho do casal. Nela educavam os seus filhos, rodeados de verde, árvores, e o largo rio. Naquele fim de semana, viu o seu sonho rodeado de um “tornado de fogo”, que não consegue explicar. “Aconteceu tudo muito rápido, saímos com a roupa que tínhamos no corpo e nada mais”, conta.
A nível financeiro, a ajuda ainda não chegou, mas conta que houve uma grande união na comunidade, providenciando-lhes o que mais necessitavam: roupa, abrigo e ajuda.
Só no concelho de Arganil, mais de uma centena de casas de primeira habitação foram completamente destruídas e vários milhares de hectares de terrenos agrícolas ficaram totalmente carbonizados.
Foram vários os cidadãos que a APPACDM de Coimbra apoia, através da sua Unidade Funcional de Arganil, que viram as suas casas, terrenos e meios de sustento serem destruídos pelos fogos. Assim, movida pela solidariedade e pela vontade de ajudar o próximo, a APPACDM de Coimbra, numa estreita ligação com a autarquia arganilense, decidiu ajudar na medida das suas possibilidades – começando por esta casa.
“Não fizemos mais do que a nossa obrigação de cidadãos solidários com uma comunidade que tão bem nos tem acolhido e acarinhado. Temos sempre contado com a população de Arganil em todas as nossas iniciativas e todos os apelos que lhe temos feito têm tido resposta positiva e imediata. Sentimo-nos arganilenses numa inclusão social perfeita das pessoas com deficiência mental que apoiamos: sentimo-nos da comunidade nos bons e maus momentos”, explica a presidente da APPACDM de Coimbra, Helena Albuquerque.
Em São Martinho da Cortiça arderam oito casas de primeira habitação, sendo uma delas a de Nuno Marques.
Neste momento, a família está a tentar reorganizar a sua vida, perceber qual o caminho a seguir. Nuno conta que gostava de voltar a reconstruir a sua casa no mesmo sítio, mas, devido ao que aconteceu, torna-se difícil ainda pensar nisso. A APPACDM de Coimbra terminou o dia de voluntariado com uma promessa – se a família Marques decidir reconstruir a sua habitação, lá estará para ajudar.
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