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CHUC: Cirurgião aposentado aponta bisturi a ziguezagues de Fernando Regateiro
Um infeliz motivo, a presente pandemia, pôs a claro que há, afinal, dois hospitais gerais em Coimbra, declara o cirurgião Carlos Costa Almeida.
O desabafo do médico, aposentado há ano e meio e que sempre se bateu contra a secundarização a que tem sido votado o Hospital dos Covões, prende-se com a circunstância de esta unidade estar a ser vocacionada para atendimento aos pacientes portadores do novo coronavírus.
Ao assinalar que apenas Coimbra foi palco de uma fusão como a dos antigos HUC e do outrora Centro Hospitalar (de que fazia parte o denominado Hospital Geral, Covões), Costa Almeida questiona a medida alegando que “havia dois hospitais a funcionar bem”.
Crítico do desempenho de Fernando Regateiro, presidente do CHUC, o cirurgião questiona para onde iriam os pacientes com covid-19 se não existisse o Hospital dos Covões, cuja fusão com os outrora Hospitais da Universidade (HUC), em 2011, deu lugar à criação do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
Costa Almeida diz que se o Hospital dos Covões (na margem esquerda do rio Mondego, S. Martinho do Bispo) já estivesse desapetrechado, Fernando Regateiro teria de montar tendas à porta dos antigos HUC (Celas). Ora, prossegue, “se lá houvesse tendas, nem existiria espaço para construir uma maternidade” em Celas.
Subjacente à ironia está a circunstância de o presidente do CHUC ser apologista da criação de uma maternidade junto aos antigos Hospitais da Universidade, mediante fusão das actualmente existentes em Coimbra, preterindo S. Martinho do Bispo para implantação do futuro complexo.
“Se o denominado Hospital Geral (Covões) estivesse fechado, como Fernando Regateiro defendeu, não haveria, agora, alternativa” ao polo de Celas do CHUC “para atender os pacientes portadores do novo coronavírus”, enfatiza o cirurgião.
Regateiro – cuja saída da liderança do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, através de não recondução, deverá ser adiada ao abrigo da “doutrina” [de António Costa] de não substituição de generais em tempo de guerra – tem gerido com ‘pinças’ o dossiê inerente à pandemia do covid-19.
Se, por um lado, o médico e gestor fez alarde do seu protagonismo em recente conferência de Imprensa (vide a edição de 21 de Março do diário As Beiras), por outro, subtrai-se a eventuais polémicas, potencialmente inerentes à medida de vocacionar o Hospital dos Covões para os pacientes portadores do novo coronavírus.
Mera recomendação em vez de orientação
Num registo cauteloso, citado pelo Diário de Coimbra, o médico e gestor declarou pretender que os antigos Hospitais da Universidade (polo de Celas do CHUC) “sejam preservados ao limite, que se vão tornando num ‘hospital comum’ com Urgência para outros doentes”.
Neste contexto, segundo o DC, Fernando Regateiro “aproveitou para solicitar aos doentes com outras necessidades” (diferentes das do covid-19) que não procurem a Urgência do denominado Hospital Geral (margem esquerda do Mondego).
À subtileza de linguagem, subjacente a “aproveitar para solicitar” em vez de dar orientações públicas no sentido de a Urgência dos Covões ser exclusivamente destinada a casos de covid-19, talvez não seja alheia uma alegada divergência com o Ministério da Saúde.
“O presidente do CHUC poderia reservar o Hospital dos Covões para pacientes infectados com o novo coronavírus, mas pondo a funcionar outra centena de camas lá existentes”, alega Carlos Costa Almeida.
O Serviço de Infecciosas dos antigos HUC, com capacidade para cerca de 30 camas, está prestes a ficar repleto (se é que já não se encontra) de pessoas atingidas pelo novo coronavírus.
Pacientes a sofrer de diversas maleitas, em regime de internamento no Hospital dos Covões, têm estado a ser transferidos para os ex-Hospitais da Universidade de Coimbra.
A medida visa reunir em S. Martinho do Bispo cerca de 200 camas para pessoas infectadas com o novo coronavírus, entre contexto de enfermarias e da Unidade de Cuidados Intensivos (UCI).
No polo do CHUC correspondente ao antigo Hospital Geral está em vias de ficar consumado o aumento da capacidade da UCI, tirando partido do reaproveitamento de áreas de recobro cirúrgico e da Cirurgia de Ambulatório.
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