Economia
Chineses “não limpam” os tomates!
Os industriais do tomate defendem que a China deve ser obrigada a cumprir as mesmas regras que os produtores europeus, de modo a que não seja criada uma situação de concorrência desleal, e estão a sensibilizar Bruxelas.
“A China é o segundo ator mais importante em termos de produção [de tomate], a seguir aos Estados Unidos. É preciso olhar para a China, como se olha para qualquer outro país que produz tomate, e respeitar as regras de comércio mundial. Não pode haver qualquer discriminação da China relativamente à Turquia, ao Irão ou a quem quer que seja”, defendeu o secretário-geral da Associação dos Industriais de Tomate (AIT), Miguel Cambezes, em declarações à Lusa.
A indústria europeia depara-se com regras que não são aplicáveis à China, em matérias como produção, segurança alimentar ou higiene, levantando problemas concorrenciais.
Perante este cenário, está a dialogar com a Comissão Europeia, de modo a que se avalie a possibilidade de adotar medidas de combate a este problema.
Conforme vincou a AIT, “as regras têm de ser iguais para os agentes económicos que competem no mesmo mercado”. Assim, a indústria europeia espera sensibilizar Bruxelas, demonstrando o problema que está a ser criado pelo mercado chinês.
Os produtores europeus esperam não ser necessário adotar outras medidas, para além da sensibilização, para travar este problema, mas não excluem essa possibilidade, apesar de não adiantarem mais detalhes.
A AIT esclareceu que o setor não é favorável à criação de barreiras artificiais contra qualquer país, mas prefere pautar-se por uma “posição filosófica de base” – as mesmas regras têm de ser aplicadas a todos os produtos que entram na União Europeia.
Miguel Cambezes notou ainda que Portugal tem uma particularidade que faz com que o país sinta, de forma mais visível, o impacto desta condição da China.
Do ponto de vista percentual, Portugal é o país que mais exporta tomate na União Europeia.
No total, 95% da sua produção destina-se ao mercado externo.
“Não é o maior exportador, em termos europeus está entre o terceiro ou quarto lugar, mas exporta percentualmente mais. Cada vez que há turbulência no mercado mundial, Portugal é dos que mais sofre porque está 95% exposto”, apontou.
A produção chinesa de produtos da indústria do tomate passou de 6,2 milhões de toneladas em 2022 para 11 milhões de toneladas em 2024.
Países como os EUA, Reino Unido e Canadá boicotaram, em 2021, as importações de tomate de Pequim.
Estes mercados acusaram a China de recorrer a práticas que não respeitam os trabalhadores e o ambiente, produzindo grandes quantidades a baixo custo.
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