Região
Centro Nacional de Cibersegurança quer captar e reter profissionais
O grande desafio do Centro Nacional de Cibersegurança é conseguir captar e reter profissionais, afirmou o diretor-geral do Gabinete Nacional de Segurança (GNS), que pretende abrir o recrutamento a jovens de outras áreas, como as ciências sociais.
“O nosso desafio é recrutar e reter as pessoas necessárias para a nossa missão. A procura de profissionais, quer no setor público quer no setor privado, excede a oferta que as universidades e os politécnicos conseguem fazer”, sublinhou o diretor-geral do GNS, António Gameiro Marques, que falava no C-DAYS, evento anual organizado pelo Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), a decorrer em Coimbra.
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Segundo o responsável da entidade que tutela o CNCS, há uma “procura brutal” de profissionais formados na área da tecnologia, com jovens recém-formados ou a acabar os cursos a serem convidados a enviar os seus currículos, mesmo que não tenham formação em engenharia informática ou cursos similares.
“Enviem-nos currículos, deem-nos uma chance para vos cativar para a nossa causa”, apelou António Gameiro Marques.
Questionado pela agência Lusa, o diretor-geral do GNS afirmou que, mesmo com o estatuto especial do CNCS – que lhe permite ser mais competitivo na atração de profissionais da área -, é difícil reter funcionários, sobretudo face à competição de empresas estrangeiras, recordando que entre o final de 2016 e início de 2017 perdeu três trabalhadores.
“É preciso mudar as estratégias de captação”, reconheceu, considerando que, além de se ter de procurar profissionais nos cursos de formação tecnológica, há que avançar com uma “abordagem fora da caixa”, que capte “pessoas com uma determinada maneira de pensar”.
“Porque não antropologia ou sociologia? O ciberespaço é um espaço de comportamentos e um engenheiro não tem a mesma visão das coisas que uma pessoa das áreas das ciências sociais. Já há países que têm esta abordagem e com sucesso. Se conseguirmos constituir a nossa equipa com pessoas provenientes das diversas áreas do saber, enriquecemos”, disse à agência Lusa António Gameiro Marques.
O CNCS, que funciona no âmbito do Gabinete Nacional de Segurança, esteve quase dois meses sem coordenador. Na terça-feira, o Governo informou que Lino Santos, coordenador da área de Computação Avançada e Segurança na Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), passaria a coordenar o centro, depois de Pedro Veiga se ter demitido do cargo a 09 de maio.
Para António Gameiro Marques, Lino Santos “é uma ótima escolha”, lembrando que esteve na comissão instaladora do CNCS e que esteve “por dentro da produção” da Estratégia Nacional de Segurança no Ciberespaço 1.0, sendo que “a 2.0 não é fraturante com a anterior”.
Sobre a segunda geração da Estratégia Nacional de Segurança no Ciberespaço, o diretor-geral do GNS explicou que há continuidade em relação à primeira, criada em 2015, tendo um “grande enfoque na investigação, desenvolvimento e inovação”.
“Outro enfoque grande [da estratégia] é nos dois vetores que existem no eixo da prevenção. Um deles já havia, que é a educação e sensibilização da sociedade, mas haverá também outro vetor que permite que os agentes que já existem no Estado consigam capacitar-se para antecipar possíveis comprometimentos de cibersegurança”, referiu.
O C-DAYS decorre até quinta-feira.
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