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Centro Hospitalar com contentores refrigerados para reforçar capacidade da morgue em Lisboa
O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) vai instalar na próxima semana dois contentores refrigerados junto à casa mortuária do Hospital de Santa Maria para reforçar a capacidade de preservação dos corpos, disse hoje a instituição.
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A Associação Nacional das Empresas Lutuosas (ANEL) fez um apelo para que sejam criadas condições que assegurem a preservação dos corpos com dignidade até à realização dos funerais, face ao pico de óbitos que está a deixar o sistema em rutura.
“Estamos há cinco ou seis dias com quase 600 óbitos por dia”, advertiu em declarações à agência Lusa o presidente da ANEL, Carlos Almeida, para quem “o cerne da questão” está no aumento da capacidade de câmaras de frio nos hospitais.
Contactado pela agência Lusa, o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, que inclui os hospitais Santa Maria e Pulido Valente, afirmou que “tem circuitos perfeitamente definidos, autónomos e seguros para transporte e preservação dos corpos, mantendo essa capacidade nesta fase de elevada pressão assistencial”.
Mas, anunciou, irá reforçar no início da próxima semana essa capacidade “com a instalação de dois contentores refrigerados para prevenir o aumento de necessidades nesta área”.
Já a Norte, fonte do Hospital Pedro Hispano, da Unidade Local de Saúde de Matosinhos, distrito do Porto, referiu à Lusa que “desde o início do mês de dezembro, altura em que se previa algumas dificuldades tendo em conta os feriados e a época natalícia, que a casa mortuária conta com o apoio de câmaras de frio”.
Em causa um contentor frigorifico instalado na proximidade da casa mortuária, cuja capacidade não foi especificada.
Também contactado pela Lusa, o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC), adiantou que existe “alguma sobrecarga no serviço”, se se comparar com a atividade habitual, mas assegurou que “não se registam condicionalismos”.
“Registaram-se alguns picos de maior congestionamento devido, particularmente, a atrasos na recolha dos corpos para os funerais”, refere o centro hospitalar, que engloba os hospitais de São José, Curry Cabral, Santa Marta, Capuchos, D. Estefânia e Maternidade Alfredo da Costa.
Sublinha ainda que “a ocupação das morgues não atingiu o limite máximo, mas, se houver necessidade, serão ativados equipamentos de frio adicionais”.
A Lusa procurou também obter informações junto de outros equipamentos hospitalares, nomeadamente o Centro Hospitalar e Universitário do Porto, que gere o Hospital de Santo António, ou o Centro Hospitalar e Universitário de São João, com polos no Porto e em Valongo, tendo ambos apontado que a situação permanece estável.
Já fonte do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho indicou que não foi necessário recorrer a serviços externos ou fazer acréscimos ao normal neste âmbito e que as únicas alterações introduzidas no que diz respeito a preservação e transporte de cadáveres têm a ver com “procedimentos de prevenção e proteção dos profissionais da área”.
Segundo o presidente da ANEL, o período médio de espera para marcação de uma cremação em Lisboa, por exemplo, onde existem três crematórios, é de 72 horas. Para sepultura, a média é de 48 horas.
“Perante isto, com o ritmo a que estão a acontecer os óbitos, terão de acumular em algum sítio”, declarou.
Carlos Almeida salientou que não é possível “incrementar, por parte das câmaras, mais cremações”, sob risco de acontecer o que aconteceu, em Milão, durante a primeira vaga: “Deixaram de respeitar a cadência da máquina, colocaram o crematório em contínuo (e é uma máquina que não consegue resistir a esse esforço) e depois não temos crematório, o que é pior”.
“Se não há escoamento, não conseguimos organizar as coisas antes de 48 a 72 horas, neste momento, temos de aumentar a capacidade de frio a jusante”, disse.
O mesmo responsável defendeu o aumento da capacidade dos hospitais nesta matéria, à semelhança do que aconteceu em várias unidades durante a primeira fase da pandemia de covid-19.
Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados hoje indicam que a mortalidade em 60 concelhos portugueses foi durante o mês de dezembro 1,5 vezes superior à média dos últimos cinco anos para o mesmo período.
O “aumento exponencial de novos casos confirmados” a partir de 28 de dezembro culminou em 13 de janeiro com o maior número de novos casos a sete dias registado desde o início da pandemia: 61.273, refere o INE.
Entre 07 de dezembro de 2020 e 03 de janeiro, o número de mortes foi superior à média dos últimos cinco anos para o mesmo período em 225 dos 308 concelhos do país, onde se concentra 85% da população.
A pandemia de covid-19 já matou 8.543 pessoas em Portugal dos 528.469 casos de infeção confirmados, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
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