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Centro de Documentação 25 de Abril em Coimbra tem mais de 3 milhões de documentos
O Centro de Documentação 25 de Abril (CD25A) possui “mais de três milhões de documentos”, entre “livros, jornais e revistas, panfletos e comunicados, arquivos, fotografias, cartazes e documentos áudio e vídeo”, além de outras peças.
“Entre os documentos de arquivo”, o Centro possui “o original do plano das operações militares” do 25 de Abril de 1974 ou “a coleção de panfletos produzida pelo Movimento dos Capitães e pelo MFA [Movimento das Forças Armadas]”, destacou à agência Lusa o diretor do CD25A, Rui Bebiano.
Originais e apontamentos de comissões de trabalhadores e de moradores, de assembleias populares ou arquivos privados de vários governantes entre 1974 e 1979 integram igualmente o acervo do Centro.
Também fazem parte do CD25A arquivos privados do antigo Presidente da República Costa Gomes e dos antigos primeiros-ministros Vasco Gonçalves e Maria de Lurdes Pintassilgo e de outros nomes da vida política portuguesa, como João Martins Pereira, Fernando Piteira Santos, António Lopes Cardoso ou José Hipólito dos Santos, disse Rui Bebiano.
Nem todos os arquivos privados estão, no entanto, catalogados, por falta de espaço nas atuais instalações do Centro (na Rua Augusta, na alta de Coimbra), salientou Rui Bebiano, adiantando que a nova sede do CD25A (na Rua da Sofia, na baixa da cidade), deverá estar a funcionar no início de 2015.
Do espólio catalogado, o historiador e diretor do CD25A destacou a coleção de cerca de 2.500 cartazes, alguns dos quais “muito valiosos”, como os da Dinamização Cultural e Ação Cívica do MFA ou os dois primeiros cartazes do 25 de Abril, de Maria Helena Vieira da Silva.
O CD25A tem também gravações áudio, entre as quais 30 DVD com notícias da rádio durante 1974 e 1975 (“oferecido pelo jornalista Belmiro Oliveira”, disse), filmes, documentários (“alguns muito raros”), de realizadores e produtores independentes portugueses e estrangeiros.
Há também coleções de fotografias, designadamente sobre as Campanhas de Dinamização Cultural do MFA ou sobre o processo SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local, destinado a populações alojadas em situações precárias).
Criado no âmbito da Reitoria da Universidade de Coimbra UC), em dezembro de 1984, o CD25A “visa recuperar, organizar e pôr à disposição da investigação científica o valioso material documental disperso pelo país e estrangeiro sobre a transição democrática portuguesa (o 25 de Abril de 1974, os acontecimentos preparatórios e as suas principais consequências), mas também sobre toda a segunda metade do século vinte português”.
“Todos os dias damos à estampa na nossa montra virtual vários trabalhos e textos (inventários de textos, referências bibliográficas, legendas de documentos iconográficos, descrição museográfica de objetos etc…)”, sublinhou Rui Bebiano.
O diretor do CD25A disse à Lusa que está prevista a reedição de uma das obras feitas a partir do projeto de história oral, bem como a cronologia “Pulsar da Revolução”.
Até abril deste ano, o CD25A vai também entregar simbolicamente à Biblioteca Geral da UC, no âmbito das comemorações dos seus 500 anos, três obras de referência digitalizadas a partir de documentos da coleção do Centro.
A intervenção na evocação dos 40 anos do 25 de Abril vai incidir em iniciativas públicas, como a organização de debates (designadamente sobre “mulheres na revolução”, “campanhas de dinamização do MFA” e “exílios e democracia”), exposições (uma das quais no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra) e a organização, em outubro, em parceria com o Centro de Estudos Sociais (CES) da UC, de um colóquio sobre os 40 anos do 25 de Abril, acrescentou Rui Bebiano.
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